Presidente é operado esta quarta-feira a uma hérnia inguinal. Mas o que é uma hérnia inguinal?
Depois de uma operação de urgência em 2018 a uma hérnia umbilical e de um cateterismo cardíaco em 2019, Marcelo Rebelo de Sousa será novamente submetido a uma intervenção cirúrgica. Desta vez, o alvo é uma “pequena” hérnia inguinal de oito centímetros.
A intervenção é simples e inovadora, recorrendo a uma laparoscopia, e é feita esta quarta-feira ao início da tarde. A ideia de operar agora vem porque o Presidente da República terá “grandes deslocações” no ano que vem.
A cirurgia é feita agora para impedir que a própria hérnia estrangule, um destino que surge quando os pacientes ignoram os sintomas deste deslocamento de um órgão interno, explica à CNN Portugal Sónia Ribas, presidente da Sociedade Portuguesa da Hérnia e Parede Abdominal.
A hérnia inguinal é um “subtipo das hérnias na parede abdominal” causado por um aumento do volume na zona da virilha e “surge porque há uma fraqueza da parede abdominal nessa zona”.
"Esta fraqueza pode ser constituída por gordura, intestino ou bexiga e é muito mais comum no sexo masculino”, afirma Sónia Ribas, explicando que as estimativas mundiais mostram que a condição pode afetar até 46% dos homens.
Sónia Ribas apela ainda a que a população esteja atenta aos sinais de alarme, nomeadamente o “aumento de volume ou uma bolinha na zona da virilha” que provoca dor ao fazer, por exemplo, exercício físico e ao pegar em pesos.
Nem todos estes casos obrigam a que se faça uma cirurgia de imediato como aquela que o Presidente da República fez em dezembro de 2018, altura em que foi operado pelo amigo de infância Eduardo Barroso, no Hospital Curry Cabral, em Lisboa. Após a cirurgia, Marcelo foi obrigado a cancelar toda a sua agenda até ao final de 2018 e a abrandar o ritmo nas semanas seguintes.
Cirurgia inovadora em Portugal
Sónia Ribas explica que a cirurgia a uma hérnia habitualmente funciona através da colocação de uma rede ou de uma prótese de várias formas. A cirurgia poderá ser aberta por uma cicatriz maior ou ser realizada através de uma laparoscopia.
Esta última abordagem é, de acordo com a presidente da Sociedade Portuguesa da Hérnia e Parede Abdominal, “minimamente invasiva” e “menos agressiva”, sendo que em vez de uma cicatriz “são feitas pequenas aberturas que dão acesso a região inguinal”.
A maior vantagem deste método é mesmo a sua rapidez na recuperação. No caso de Marcelo Rebelo de Sousa, o tempo de recobro será entre oito a dez dias, não sendo necessária a sua substituição pelo Presidente da Assembleia da República.
A laparoscopia “não é assim tão difundida” em Portugal, onde existem “poucos centros especializados” nesta abordagem. É ainda de maior dificuldade técnica, diz Sónia Ribas, realçando que a laparoscopia “não é dominada por todos os cirurgiões, nem proposta a todos os utentes”.