Marcelo Rebelo de Sousa: "Ou as instituições mudam a bem ou mudam a mal"

Manuela Micael , com Agência Lusa - Notícia atualizada às 13:39
5 out 2023, 12:10

Presidente da República deu uma autêntica aula de História no discurso das comemorações do 5 de Outubro

Marcelo Rebelo de Sousa deu, esta quinta-feira, no discurso das comemorações dos 103 anos do 5 de Outubro, uma verdadeira aula de História, com importantes alertas às instituições e aos políticos. O Presidente da República sublinhou que é importante que as “instituições internacionais e domésticas” adotem uma atitude reformadora, sob pena de colocar em perigo a democracia, no caso de o não fazerem, mudando “tarde e atabalhoadamente”.

“Ou as instituições internacionais e domésticas mudam a bem ou mudam a mal. E mal porque tarde e atabalhoadamente”, avisou.

O Presidente da República sublinhou que isso pode acontecer se houver atrasos em relação "ao clima, à energia, como tantos se atrasaram, à inteligência artificial" ou em relação ao "peso das comunidades” como as Nações Unidas, a União Europeia, a CPLP, a NATO ou ao mundo ibero-americano.

“Tudo isso poderá suceder com a incapacidade ou a lentidão do superar da pobreza e das desigualdades sociais, ou no reconhecimento do papel do mulher, ou do papel das minorias migrantes e em particular dos jovens”, alertou.

O Presidente da República defendeu também que é possível ter “democracias mais fortes” caso não se opte por “esperar para ver”, pedindo reformas “a sério” para evitar mudanças vindas dos pântanos e “revolver águas paradas”.

No discurso do 113.º aniversário da Implantação da República, cerimónia que decorreu na Praça do Município, em Lisboa, o chefe de Estado deixou diversos avisos sobre a necessidade de mudanças e reformas quer em termos internacionais quer em termos nacionais.

“A mudança chegar porque se prefere a antecipação ao conformismo, a abertura ao fechamento, a alteração das mentalidades, das instituições e das práticas ao situacionismo e à inércia. Só depende de nós. Nós, responsáveis a todos os níveis, nós povos, nós cidadãos de Portugal, da Europa e do mundo”, defendeu.

Exortando a que não se deixe “morrer essa liberdade” em que vivemos, “incluindo a liberdade de pensamento e de expressão, custe o que custar”, Marcelo Rebelo de Sousa foi perentório: “Podemos fazer democracias mais fortes se não nos contentarmos em esperar para ver”.

“Podemos fazer organizações universais mais fortes se não nos habituarmos a prometer ano após ano a sua reforma, sabendo que não vamos cumprir. Podemos reformar a sério, prosseguir o caminho das reformas, para não termos de ver contrarreformas fazerem ou pretenderem fazer aquilo que fizemos de conta que não importava assumir”, defendeu.

No entanto, para o Presidente da República caso as instituições e os sistemas demorem “eternidades a compreender que devem evoluir e reformar-se, reaproximar-se dos povos e desse modo não deixarem espaço para que outros preencham o vazio que vão deixando atrás de si”, há um risco evidente.

“Tudo isto poderá suceder e mais depressa do que se pensa: a mudança submergir pântanos, revolver águas paradas, abrir comportas demasiado tempo encerradas”, alertou.

Enquanto Marcelo Rebelo de Sousa discursava, um grupo de professores manifestava-se a poucos metros da Praça do Comércio, em Lisboa, onde as autoridades colocaram baias para impedir o acesso do público às comemorações. “A República está deste lado”, ouvia-se.

Nas comemorações deste ano, estiveram presentes representantes dos partidos com assento parlamentar. Ficou marcada a ausência de Luís Montenegro, presidente do PSD, principal partido da oposição, que se fez representar pelo vice-presidente, Hugo Soares. Questionado pelos jornalistas sobre a ausência do líder do partido, Hugo Soares justificou que Montenegro “está fora do país”.

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