Causa: ataques em nome do Hamas. Efeito: BP (e não só) pausa trocas através do Mar Vermelho. Efeito temido: subida dos preços

18 dez 2023, 12:49
Iémen Houthis

Gigante petrolífera fala numa decisão "temporária" sujeita a análise. Esta é uma das mais importantes rotas comerciais do mundo. Vêm aí impactos nos preços finais para os consumidores

A Britsh Petroleum (BP) anunciou esta segunda-feira que vai pausar o transporte marítimo de petróleo através do Mar Vermelho na sequência de recentes ataques dos rebeldes houthis do Iémen a embarcações na região, no contexto da guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza. A decisão foi tomada face à "deterioração da situação de segurança" no Mar Vermelho, com a gigante petrolífera a garantir que se trata de uma medida temporária.

"A segurança dos nossos funcionários e daqueles que trabalham em nome da BP é a nossa prioridade", indicou a multinacional britânica em comunicado. "Iremos manter esta pausa por prevenção sob revisão contínua, dependente das circunstâncias à medida que elas evoluem na região."

A BP é a mais recente de uma série de empresas que estão a suspender as suas operações na região. Esta manhã, também a Evergreen Line, uma das maiores empresas de transporte mundial do mundo, indicou que vai deixar de transportar carga israelita pelo Mar Vermelho "até novas informações", dias depois de também a Maersk, outra grande transportadora global, ter anunciado uma decisão semelhante.

Em causa estão ataques recentes a embarcações no Mar Vermelho executados pelos houthis, grupo rebelde do Iémen que diz estar a agir em nome do Hamas face à ofensiva lançada por Israel contra a Faixa de Gaza, após o ataque islamita de 7 de outubro.

Há uma semana, os houthis avisaram que qualquer navio sob suspeita de transportar bens e armamento de e para Israel será um "alvo legítimo" da sua campanha militarizada, independentemente da sua origem, naquela que é uma das principais rotas de trocas comerciais mundiais. Desde esse aviso, os rebeldes apoiados pelo Irão e pela milícia libanesa Hezbollah têm concentrado os seus ataques no estreito de Bab al-Mandab, uma passagem com apenas 32 quilómetros de largura conhecida pelos potenciais perigos que representa para os navegadores.

A campanha houthi no Mar Vermelho não tem provocado vítimas, mas as consequências económicas e financeiras já se fazem notar, a começar pelo facto de transportadoras e multinacionais estarem a ser forçadas a optar por rotas mais longas para escaparem a eventuais ataques, com impacto nos preços finais para os consumidores.

“Se já era difícil circular no Mar Vermelho, isto vai dificultar muito as escolhas daqui para a frente", alertava há dias Tiago André Lopes, especialista em Relações Internacionais. "As rotas do norte e Atlântico sul são muito longas e têm custos maiores, o que pode encarecer os produtos, como combustíveis e alimentos, mesmo aqui em Portugal.”

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