Primeiro-ministro citou estrofe d'Os Lusíadas e afirmou que o Governo já apresentou várias medidas em apenas 32 dias
Luís Montenegro anunciou esta terça-feira a construção do novo Aeroporto em Alcochete, que terá o nome de Luís de Camões. Numa curta declaração em São Bento, o primeiro-ministro referiu que a solução “garante margem de expansão física” e deverá “acumular a procura até ao triplo” da da atual infraestrutura na Portela.
Além disso, a opção, assegura Montenegro, “salvaguarda a manutenção e o crescimento do hub da TAP em Portugal”. “Estas decisões”, gabou-se ainda, elencando outras metas aprovadas como a descida do IRS e o início das negociações com polícias, professores e profissionais de saúde, “são apenas o resultado de 32 dias de trabalho num ritmo que vai continuar intenso por muito tempo”.
“Apesar de rápidas”, acrescenta, as decisões foram “fundamentadas e estratégicas”. Irão “alavancar um ciclo de prosperidade duradouro em Portugal”, trarão “mais mobilidade aos portugueses e àqueles que nos visitam”, e vão promover o “crescimento e a coesão territorial”.
O Executivo assumiu também a solução de um aeroporto único como a “mais adequada”. “Vivemos tempos de incerteza e instabilidade na Europa e no mundo, este Governo apesar dessa incerteza vê o futuro de Portugal com esperança e confiança”.
A localização do novo aeroporto internacional de Lisboa seguiu a recomendação da Comissão técnica Independente (CTI) criada por acordo entre o PSD e o anterior Governo do PS. “Disse, nessa ocasião, como é justo dizer que também o fez o anterior primeiro-ministro, que um ano de trabalho da CTI não significava atrasar mais um ano uma decisão que se aguardava há 50 anos”, defendeu.
Para Montenegro, “este ano de avaliação era imprescindível e a forma adequada de desbloquear o processo”. “Nem era precipitação irresponsável nem era adiamento passivo. Quero hoje, como primeiro-ministro, afirmar que estas decisões, apesar de rápidas, são ponderadas, fundamentadas e estratégicas para o futuro de Portugal”, afirmou.
“O interesse nacional não reclama apenas uma decisão, reclama que se tome a melhor decisão com base na melhor informação”, reforçou.
O anúncio contou também com a citação de uma passagem do Canto Quarto de Os Lusíadas, obra do poeta que dará nome ao novo aeroporto.
E com rogo o palavras amorosas,
Que é um mando nos Reis, que a mais obriga,
Me disse: — "As cousas árduas e lustrosas
Se alcançam com trabalho e com fadiga;
Faz as pessoas altas e famosas
A vida que se perde e que periga;
Que, quando ao medo infame não se rende,
Então, se menos dura, mais se estende".
Depois de Montenegro, foi a vez do ministro das Infraestruturas e da Habitação de tomar o púlpito e deixar uma garantia: o projeto para o novo aeroporto não deverá “afetar de maneira nenhuma o Orçamento do Estado”. “Queremos pagar este investimento, todos os que fazem parte desta vasta equipa estão a trabalhar nesse sentido”.
Já sobre outro compromisso deixado durante esta terça-feira - o avançar de obras no atual aeroporto Humberto Delgado, Miguel Pinto Luz sublinhou que a “ANA é obrigada a maximizar a capacidade operacional até à inauguração do novo aeroporto”. “São obras necessárias para que Portugal não fique a perder milhões de passageiros, como perde hoje”.
Estas obras na Portela têm como meta o Humberto Delgado ter capacidade para acomodar 45 milhões de passageiros. “A NAV comprometeu-se com esse valor, a ANA terá de as desenvolver ao abrigo das cláusulas contratuais”. O ministro prometeu ainda expansões na infraestrutura militar do Figo Maduro, e a constituição de um grupo de trabalho que “garanta que estas obras serão feitas em tempo útil”.
A nível de custos, o ministro apontou para uma estimativa entre aquela definida pela CTI ( 6,1 mil milhões) e aquela definida pela ANA (entre 8 e 9 mil milhões de euros). Por outro lado, apontou para 2034 como o ano em que deverão estar concluídas as obras do novo aeroporto.
