Sp. Braga-Famalicão, 1-2 (crónica)

Bruno José Ferreira , Estádio Municipal de Braga
11 ago 2023, 22:28

Liga arranca com um golpe de teatro: Famalicão faz o que não fazia há quase oitenta anos

Pancadas de Molière, correu o pano para o primeiro ato da Liga com a pedreira como cenário. A edição 23/24 do principal escalão do futebol português abriu com um dérbi minhoto entre o Sp. Braga e o Famalicão, que terminou com um verdadeiro golpe de teatro. O Sp. Braga entrou demolidor, mas o Famalicão deu a volta ao jogo nos descontos. Afonso Rodrigues e Aranda anularam o golo madrugador de Ricardo Horta.

A meio de uma jornada europeia, três dias após vencer o Backa Topola neste mesmo palco em jogo a contar para a 3.ª pré-eliminatória da Champions, o Sp. Braga partiu para o primeiro momento de um campeonato que se apresenta recheado de sonhos, no qual o título não é tema tabu.

Embateu num Famalicão personalizado e competente, que viajou até ao municipal bracarense com o ímpeto de contrariar as expetativas. Fê-lo sempre com muita entrega e com reforços que saltaram do banco na segunda metade para mexer com o jogo. Aranda, o ex-Real Madrid que chegou esta semana ao Minho, é o exemplo maior disso. Assinou o desfecho do jogo depois de já ter mostrado bons atributos.

Ricardo Horta e a pressa de não chegar tarde

Os primeiros instantes do jogo, com o Sp. Braga em busca de espaços para progredir no terreno com longas posses de bola, deixavam antever um encontro da paciência de parte a parte. A equipa da casa para conseguir romper a organização famalicense, o conjunto de João Pedro Sousa para manter o equilíbrio enquanto equipa.

Pois bem. Ricardo Horta puxou dos galões e em apenas nove minutos desbloqueou a questão. Num livre direto, ainda algo distante da área, aplicou um pontapé violento que levou a pedreira ao rubro, contando com uma mãozinha de Luíz Júnior. O esférico passou por baixo da mão do guarda-redes, que podia ter feito mias.

Um desbloqueio a efetivar a supremacia arsenalista e quase tinha seguimento dois minutos depois. Bruma atirou, também de forma violenta, ao travessão, vendo desta vez Luíz Júnior ser preponderante com um desvio subtil para a barra. Pelo meio, o Famalicão assustou, na jogada imediatamente a seguir a ter sofrido o golo, com Cádiz a rematar para defesa apertada de Matheus.

Aranda, a figura principal

Três minutos de futebol total, com um golo e uma oportunidade em cada uma das balizas a contrastar com aquilo que foi, depois o desenrolar do encontro. O Sp. Braga ia gerindo a vantagem sem grandes problemas; o Famalicão ia tentando criar perigo, sempre preocupado em não sofrer um segundo golo que hipotecasse por completo o jogo.  

Foi diferente a segunda metade. O evoluir do jogo levou o Sp. Braga a ir acusando a fadiga. Mais competente, o Famalicão passou a ter mais bola e a chegar a fase mais adiantadas do terreno com tranquilidade. As mexidas de João Pedro Sousa, a partir do banco, vieram acentuar a capacidade ofensiva famalicense.

Afonso Araújo, o miúdo da formação que o ano passado estava nos sub-23, entrou para igualar o encontro apenas quatro minutos de ter sido chamado a jogo. Momento vertiginoso do encontro, com as duas equipas a fazer por chegar a um segundo golo. Acusou a responsabilidade o Sp. Braga, ameaçou o Famalicão até chegar à cena principal. O golpe de Aranda, no quinto dos doze (!) minutos de descontos.

O espanhol chegou, treinou e foi a jogo para definir o primeiro jogo da Liga, já depois de deixar pormenores interessantes. Na primeira ficha de serviço leva o Famalicão a fazer o que não fazia há quase oitenta anos: a única vitória famalicense em Braga até agora tinha acontecido em 1944.

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