José Gomes questiona parecer da DGS: «Há coisas sem pés nem cabeça»

11 mai 2020, 22:55
José Gomes

Técnico insular apontou o dedo aos governantes: Acho uma vergonha que as pessoas que mandam nos destinos do nosso país não tivessem abdicado de parte do salário até à retoma do país»

O treinador do Marítimo, José Gomes, considera que o parecer da Direção-Geral da Saúde (DGS) deixa «muitas dúvidas» e criticou os governantes portugueses por não abdicarem de parte do salário em momento de dificuldades económicas.

Segundo o técnico dos insulares defende que os casos positivos de Covid-19 que tem surgido no futebol nacional estão a causar «apreensão» e maior «desconfiança», acrescentando que o documento apresentada pela DGS coloca «muitas dúvidas e exigências impossíveis de conseguir» para os agentes desportivos. 

«Numa leitura de interpretação rápida, tem lá coisas que, em bom português, não tem pés nem cabeça. Vamos todos esperar, porque, se for exigida a assinatura de todos os agentes desportivos daquilo que está escrito, pode até hipotecar a retoma do futebol», atirou, num debate promovido na página de Facebook do Marítimo.

José Gomes defendeu ainda que todos as equipas devem jogar no seu próprio estádio, reiterando a importância de os jogadores terem «a vida normal», ao dividirem o tempo entre treinos e jogos e estarem com as suas famílias.
 
«Seria melhor para todas as equipas jogarem no seu próprio estádio. Não haveria no ar a especulação de se poder falar em benefícios de ninguém. Todos os estádios da Liga têm condições para promover estas questões de segurança e higienização», sublinhou. 
 
Os pontos de interrogação prolongam-se à situação dos outros escalões do futebol português e o treinador fala em inconsistência de critérios.
 
«Ficamos com dúvidas ao que seria feito à Liga, atendendo ao que aconteceu na II Liga, CNS [Campeonato de Portugal] e campeonatos distritais. Para o futebol português, tivemos medidas e pesos diferentes, formas de avaliar e ajuizar diferentes e que não se conseguem compreender. Há decisões que são tomadas na secretaria e outras em campo. Há equipas que sobem e outras impossibilitadas de subir e não se sabe porquê», interrogou. 
 
Por fim, o treinador do Marítimo aproveitou elogiar o povo português , um povo «fantástico» e que tem os melhores do mundo em «todas as áreas» e faz «autênticos milagres», mesmo em dificuldade, apontando o dedo a quem governa Portugal, porque sente que «um rei fraco torna fraca a sua forte gente».
 
«Nós somos pessoas, temos família. Não estamos de ouvidos tapados e temos obrigação de estarmos atentos ao que nos rodeia. Acho uma vergonha que as pessoas que mandam nos destinos do nosso país, que permitiram que houvesse cortes salariais, despedimentos em massa e 'lay-off', não tivessem abdicado de parte do salário até à retoma do país», vincou. 

 

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