Estrela Amadora-Sp. Braga, 2-4 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio José Gomes
28 set 2023, 22:22

José Gomes de cabelos em pé

O Sp. Braga conseguiu, pela primeira vez esta temporada, duas vitórias consecutivas na Liga, com um triunfo difícil, arrancado a ferros, sobre o Estrela [o resultado é enganador], em pleno José Gomes, mas voltou a consentir golos pela sétima jornada consecutiva. Depois de vencer o então líder Boavista, os minhotos venceram agora num campo onde o FC Porto já tinha sentido muitas dificuldades e, em semana de clássico, ensaiaram uma primeira aproximação aos lugares cimeiros da Liga.

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Duas equipas que até esta quinta-feira tinham consentido golos em todos os jogos da Liga, mas que chegavam a este jogo motivadas com os resultados da ronda anterior. Talvez por isso os dois treinadores mantiveram a confiança nos respetivos onzes iniciais, apenas com Sérgio Vieira a trocar o castigado Mansúa pelo nigeriano Omurwa. De resto tudo igual, de um lado e do outro.

O Estrela entrou no jogo de cabeça bem levantada, disposto a lutar por todos os lances, com um bloco subido e uma pressão constante sobre o detentor da bola. Uma pressão a toda a linha para, depois de conquistar a bola, sair a jogar, com um jogo muito vertical a colocar muitas dificuldades aos minhotos que, nesta fase inicial, não conseguiam fazer três passes consecutivos.

A única forma do Braga chegar à área contrária era com passes longos e foi dessa forma que Pizzi, lançado por Zalazar, criou a primeira oportunidade da partida, logo a abrir, destacando-se na área, mas a perder o ângulo de remate, depois de contornar Bruno Brígido. A bola foi às malhas laterais, mas ficou o aviso.

Logo a seguir uma contrariedade para Artur Jorge, com Víctor Gómez a ficar lesionado depois de um choque com Ronaldo Tavares. O treinador do Sp. Braga lançou José Fonte e desviou Serdar para a defesa do flanco, enquanto Ricardo Horta e Álvaro Djaló também trocavam de flancos lá na frente. Muitas mudanças que obrigaram a equipa minhota a abrandar o ritmo e o Estrela, que já tinha entrado forte, aumentou ainda mais a pressão, com um futebol simples, mas também muito físico, com os dois Ronaldos a correrem sempre em direção à área de Matheus.

Foi neste cenário que o Sp. Braga, contra a corrente, chegou ao golo, numa jogada de insistência de Pizzi que permitiu a Banza cruzar da direita para a finalização fácil de Álvaro Djaló. O Estrela não abanou com o golo consentido, pelo contrário, aumentou ainda mais a pressão sobre o Braga que não conseguia tirar proveito das mais-valias técnicas dos seus jogadores. Era um jogo de combate, de muita luta e, nesse campo, o Estrela estava mais à vontade.

Ronald Pereira, com mais uma arrancada, voltou a colocar Matheus à prova, tal como Aloísio, com um remate de fora da área, mas foi o Sp. Braga que voltou a estar perto do golo, com mais um grande passe de Rodrigo Zalazar a destacar Álvaro Djaló que, destacado na área, proporcionou a defesa da noite a Bruno Brígido.

Mais cinco golos numa segunda parte de loucos

O intervalo chegou a voar e os dois treinadores aproveitaram para definir novas estratégias. Sérgio Vieira lançou, desde logo, Pedro Sá e Ndour, enquanto Artur Jorge assumia definitivamente um jogo mais direto, prescindindo de Pizzi, encarregue de fazer ligações, para juntar Abel Ruiz a Banza na frente de ataque.

O jogo voltou a começar com grande intensidade, mas com um Sp. Braga, bem mais equilibrado, a chegar cedo ao segundo golo num lance em velocidade. Ricardo Horta, de calcanhar, lançou Banza pela esquerda e o avançado rematou na passada para mais uma grande defesa de Matheus, mas, na recarga, Álvaro Djaló acabou por bisar no jogo. Mais uma pancada no Estrela.

A equipa a casa continuava a carregar por todos os lados, na tentativa de voltar ao jogo, mas o Braga agora tinha mais espaços e acabou por fazer ainda um terceiro golo, mais uma vez com o trio de ataque a funcionar em pleno, naquele que foi o lance mais bonito do jogo. Ricardo Horta combinou com Álvaro Djaló e cruzou para a entrada fulgurante de Banza que acaba por estar ligado aos três primeiros golos dos minhotos.

Parecia que estava feito, uma vez o Braga marcava cada vez que o Estrela subia, mas a verdade é que a equipa da casa, sempre apoiada pelos seus adeptos, ainda tinha uma palavra a dizer neste jogo. A quinze minutos do final, João Reis destacou Kikas e este colocou a bola por entre as pernas de Matheus. O José Gomes quase veio abaixo. Mais quatro minutos, livre para o Estrela, Jean Felipe dispara uma bomba, Matheus ainda chega a bola, mas não consegue evitar o segundo golo do Estrela que, em dois tempos, estava novamente na luta pelo resultado.

As bancadas gritavam agora «só mais um, só mais um» e comemorava tanto os lances de ataque, como as defesas de Bruno Brígido na resposta do Braga. Com muitos adeptos já de pé nas bancadas, o jogo seguiu intenso até final e Ndour chegou a ter o terceiro golo do Estrela nos pés, aos 88 minutos, mas atirou por cima.

Já em período de compensação, na sequência de mais uma transição rápida, Ricardo Horta, com um remate muito colocado, acabou finalmente com todas as dúvidas, com o quarto golo do Braga. Agora, sim, estava feito.

Um resultado cruel para o Estrela, tal como já tinha sido o empate em Chaves, há uma semana. A equipa de Sérgio Vieira deixou tudo em campo, mas não somou pontos. Em sentido contrário, o Sp. Braga consegue finalmente somar o segundo triunfo consecutivo na Liga, mas acabou e grande sofrimento para segurar esta importante vitória.

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