Casa Pia-Marítimo, 2-0 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio Nacional, em Lisboa
19 mar 2023, 17:29

Um novo nome, o mesmo cinismo

Chamem-lhe cinismo, eficácia, o que quiserem, mas o Casa Pia tem sido isto desde o início da época, com relativo sucesso. O Marítimo foi ao Jamor tentar mandar no jogo, teve mais bola, domínio territorial, mas caiu com estrondo ao primeiro erro. Filipe Martins surpreendeu no ataque, lançando Fellipe Cardozo pela primeira vez como titular e o brasileiro correspondeu na totalidade com dois golos que permitem aos gansos alcançar o Arouca na classificação.

Os primeiros minutos do jogo separaram desde logo as águas entre duas filosofias de futebol bem distintas. O Casa Pia apostou, desde logo, num futebol direto, saltando processos de construção, com passes tensos e verticais para as setas Godwin e Soma que jogaram no apoio direito a Fellipe Cardozo que, desta vez, deixou Rafael Martins e Clayton no banco. Um futebol bem diferente dos madeirenses, que jogavam de pé para pé, procurando subir no terreno de forma sustentada, valorizando a posse de bola ao máximo.

Duas estratégias que podiam ter dado frutos, para qualquer um dos lados, cedo no jogo. Godwin assinou a primeira oportunidade, com uma bomba à entrada da área que levou a bola a passar muito perto do poste. Resposta imediata dos madeirenses, com Bryan Riascos a destacar-se sobre a direita, a adiantar a bola com o peito e, já de ângulo apertado, a rematar cruzado, com a bola também a passar muito perto do poste.

Aos poucos, o Marítimo procurava impor o seu jogo, mas, insistimos, um domínio muito consentido pelo adversário, que deixava o adversário subir para depois tentar feri-lo com as tais transições rápidas. Os madeirenses tinham mais bola e voltaram a ter nova oportunidade com Beltrame a rematar forte da direita para grande defesa de Ricardo Batista. Mas a verdade é que Pablo Moreno tinha de recuar muito para dar apoio à circulação de bola e, depois, o Marítimo tinha pouca presença na área para visar as redes de Ricardo Batista.

Bruno Xadas ainda testou a meia distância, numa altura em que a equipa de José Gomes parecia ter o jogo controlado, mas tudo se desmoronou em dois temos, já perto do intervalo. Vítor Costa, pressionado, procurou atrasar a bola, mas não viu Fellipe Cardozo nas suas costas e acabou por isolar o brasileiro que entrou na área, tirou Marcelo Carné do caminho e disparou para as redes vazias.

Eficácia pura, mas o Casa Pia é mesmo assim.

A segunda parte começou como a primeira, com o Marítimo com mais posse de bola, a conquistar logo um canto a abrir, mas a revelar as mesmas lacunas quanto à presença na área e voltou a sofrer na primeira vez que o Casa Pia subiu no terreno. Um grande golo dos gansos, todo desenhado ao primeiro toque, com Beny a combinar com Fellipe Cardozo, numa rápida tabelinha, a destacar-se sobre a direita e a cruzar tenso para o brasileiro meter a cabeça e bisar no jogo.

A aposta de Filipe Martins, que tinha deixado Rafael Martins e Clayton no banco, em Fellipe Cardozo, estava ganha. O avançado brasileiro somava apenas 67 minutos, divididos por dois jogos da Liga, mas esta tarde jogou de início e bisou no jogo. Um segundo golo que bateu forte no Marítimo, que deixaram cair os ombros e fixaram os olhos no relvado, enquanto os gansos faziam a festa. É que o Marítimo, esta época, só conseguiu dar a volta a um resultado negativo por uma vez, frente ao Santa Clara. Além disso, o Casa Pia, em vantagem, não é nada fácil de bater.

É verdade que ainda faltavam quarenta minutos para o final, mas o Marítimo parecia estar cada vez mais distante de poder voltar a casa com pontos. José Gomes ainda refrescou a equipa para um último esforço, mas sem alterar muito a estrutura inicial. O Casa Pia voltou a dar a bola ao adversário e o Marítimo até teve oportunidades para reentrar no jogo, com destaque para um remate em arco de Rafael Brito e para uma saída em falso de Ricardo Batista que quase permitiu a Cláudio Winck reduzir a diferença.

Filipe Martins, já em modo gestão, refrescou toda a frente de ataque e ainda parte do meio-campo. O Marítimo nunca baixou os braços, lutou até ao último segundo, mas sofreu mais um revés, na etapa final do jogo, com Renê a ser expulso com vermelho direto na sequência de uma obstrução a Clayton.

O Casa Pia volta, assim, ao sexto lugar da Liga, com os mesmos pontos do que o Arouca, enquanto o Marítimo desperdiça uma oportunidade soberana para fugir ao Paços de Ferreira que tinha empatado precisamente com a equipa de Armando Evangelista.

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