Desp. Chaves-Benfica, 0-2 (crónica)

Ricardo Jorge Castro , Municipal Engº Manuel Branco Teixeira, em Chaves
4 nov 2023, 17:38

Porta aberta pela direita numa vitória sem brilho

Se há ponto que o 3x4x3 repetido por Roger Schmidt teve essencialmente de bom em Chaves, foi a qualidade individual, o desequilíbrio e a magia de João Neves para desbloquear uma missão difícil em Trás-os-Montes e lançar a vantagem e a vitória do Benfica, numa resposta fundamental depois do empate caseiro ante o Casa Pia na jornada anterior e antes de uma deslocação tão exigente quanto decisiva à Real Sociedad, para a Champions.

Na melhor e mais perigosa fase do Desportivo de Chaves no jogo, João Neves criou uma jogada individual exímia pela direita. Daí, colocou na zona de conclusão na pequena área e, num lance atabalhoado, Aursnes emendou, depois de um corte de João Correia em cima da linha ter negado o golo a Arthur Cabral, avançado que entrou para a segunda parte à procura de dar o que Gonçalo Guedes não conseguiu nos primeiros 45 minutos, num jogo em que Schmidt nada mudou face ao onze apresentado a meio da semana em Arouca.

O lance do golo, aos 59 minutos, foi quase em absoluto um pontapé na monotonia. Sobretudo, na falta de soluções diversas para o Benfica ultrapassar uma defensiva do Chaves muito competente até então e, mais à frente, à tentar ferir a águia em respostas rápidas pela condução de Kelechi e Rúben Ribeiro e a velocidade de Langa, Sanca ou João Correia nos corredores.

Mais tarde, ao minuto 80, João Mário transformou em golo um penálti assinalado por, no entendimento do árbitro Hélder Malheiro, infração de Bruno Langa sobre João Neves (mão aparentemente involuntária na cara quando o moçambicano já saía em sprint da zona defensiva), num lance que teria ainda, como consequência, a expulsão de Moreno no banco dos flavienses.

Num jogo em que o técnico do Chaves apresentou quatro alterações no onze, com Phete a voltar à competição dois meses e meio depois e a fazer trio de centrais com Sandro Cruz e Bruno Rodrigues, foi Sanca a criar perigo logo no primeiro minuto: Trubin viu a bola beijar a malha lateral.

O início prometia, mas a verdade é que a primeira parte pouco mais de substancial teve para contar junto das balizas. Ao Benfica, valeu Di María a dar trabalho a Hugo Souza em dois cantos puxados à baliza. Tirando isso e um remate forte de Otamendi encaixado pelo brasileiro (36m), o Benfica não tirou grande proveito do vento a favor. Teve mais bola, mais cantos, mais remates… mas não o que mais queria.

Mais do que isso, num 3x4x3 fotocópia do jogo da Taça da Liga, não conseguiu grandes desequilíbrios e espaços. O Chaves fechou bem por dentro, com Langa e João Correia a cumprirem nas alas, impedindo que Aursnes, Di María, Rafa ou Guedes fizessem o que tencionavam. Do outro lado, Sanca ia dando vida pela esquerda no ataque, Kelechi ia pautando o jogo com notas interessantes, mas Trubin pouco trabalho teve.

A toada mudou ligeiramente no reatamento. Já com um Benfica a ter Arthur Cabral e sem Guedes, o Chaves superiorizou-se no início da segunda parte e ameaçou o golo por Leandro Sanca (53m) num remate a rasar o poste.

Porém, a capacidade de João Neves, na resposta, abriu caminho à vantagem do Benfica dada por Aursnes (59m). Esta quase foi desfeita por Bruno Langa logo a seguir: o moçambicano, que tinha sido ultrapassado por Neves no lance do golo das águias, não foi de modas e viu o 1-1 esbarrar com estrondo na barra (61m). Era um golaço.

O lateral, que foi dos melhores do Chaves ao longo do jogo, acabou por estar, de forma infeliz, associado ao lance de origem do golo que fechou a vitória do Benfica. Já com a bola na posse para sair para o ataque, tocou na cara de João Neves ao fugir em sprint, o árbitro Hélder Malheiro entendeu haver motivo para penálti e, pelo meio, foi expulsar um furioso Moreno ao banco flaviense. João Mário, alheio a confusões, atirou com calma para uma vitória mais necessária do que propriamente vistosa do Benfica, que ainda marcou o terceiro por Petar Musa, mas de forma irregular: estava nove centímetros adiantado no momento do passe de Arthur Cabral (90m).

Para já, e antes do dérbi da próxima jornada, a águia foge ao FC Porto e iguala, à condição, no topo, o Sporting. Em Chaves, a porta foi aberta por Neves pela direita, numa vitória sem brilho.

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