FC Porto-Sp. Braga, 0-0 (crónica)

25 out 2015, 21:16
FC Porto-Braga (Reuters)

Dragão embateu no muro arsenalista

O FC Porto deixou fugir o Sporting na tabela classificativa da Liga e desperdiçou a oportunidade de ganhar três pontos ao Benfica, o grande derrotado do dérbi lisboeta. Em casa, no reduto onde ia alimentando uma marca histórica, não teve argumentos para se superiorizar a outro Sporting, neste caso o de Braga, que resgatou um saboroso ponto (0-0).

Os dragões terminaram o encontro com domínio da posse de bola (61 por cento) e com 18 remates à baliza de Kritciuk. A grande ocasião, porém, surgiu ao minuto 40, nos pés de Tello. Lopetegui arriscou a meia-hora do fim, quando lançou Bueno. Não chegou. Demasiado tempo perdido num futebol sem rapidez de execução.

DESTAQUES: só Layún manteve o norte num duelo com demasiadas nulidades


Em circunstâncias normais, o fluxo ofensivo do FC Porto bastaria para garantir o triunfo. De qualquer forma, a formação portista deve refletir sobre o que de mediano fez na primeira hora. Sobretudo Imbula e Cissokho.

Mérito para um Sp. Braga que rejeitou princípios estéticos para evitar nova derrota nas visitas à Invicta. O FC Porto coloca um ponto final numa série de 20 vitórias consecutivas no Dragão.

Três mudanças com perda na qualidade de posse de bola


Julen Lopetegui recorreu a Aly Cissokho para compor o último reduto, face ao castigo de Maxi Pereira, trocou Rúben Neves por Danilo Pereira e o cadente Jesus Corona por Cristian Tello.

As três mudanças no FC Porto tiveram influência clara num aspeto: a perda de qualidade na posse de bola. Cissokho, por esta altura, não arrisca um drible nem faz um passe com maior grau de dificuldade. Danilo oferece garantias sem ter a capacidade de Rúben Neves para fazer passes de trinta metros que seriam úteis a Tello, por exemplo.

O extremo cedido pelo Barcelona tem em velocidade o que Corona tem em capacidade de drible. Ambos coincidem num elemento: a irregularidade na tomada de decisões. O carrossel portista andou desta forma aos solavancos, sem a consistência habitual, embora continuasse a apresentar problemas consideráveis para o adversário.

No regresso ao Estádio do Dragão, Paulo Fonseca encontrou um onze azul e branco sem vestígios de jogadores por si treinados. Quase tudo mudou em ano e meio. Sobram apenas Helton e Herrera (suplentes não utilizados), Varela (de fora por opção) e Maicon (lesionado).

O FC Porto mudou de direção após essa temporada de menor investimento. Paulo Fonseca, ainda assim, conseguiu o último título do clube: a Supertaça de Portugal em agosto de 2013. Desde então, a aposta visa o reforço do plantel em qualidade, algo ainda mais visível na presente época.

Adeptos sem paciência para mais Imbula


Nem todos os talentos oferecem totais garantias nesta fase, de qualquer forma. Imbula, por exemplo, alterna jogos interessantes com desempenhos medianos, onde se torna evidente a maior limitação: a capacidade de passe.

Ao minuto 55, sem paciência para mais, os adeptos do FC Porto vaiaram um toque para trás do médio francês. A bola foi entretanto parar a Yacine Brahimi que, sem soluções, procurou uma vez mais o lance individual, entre quatro adversários. Sucumbiu a um problema físico e teve de sair, entrando para o seu lugar Jesus Corona.

Lopetegui arriscou com uma hora de jogo, trocando Imbula por Alberto Bueno. Ficava assegurado, por fim, o apoio constante ao esforçado Aboubakar.

Do outro lado, o Sp. Braga ia resistindo às investidas – menos intensas no arranque da segunda metade – e procurava anular os efeitos do maior desgaste. Os arsenalistas venceram o Marselha na quinta-feira, o FC Porto teve mais dois dias de descanso.

Baiano surgiu no lugar de Marcelo Goiano (este viria a substituir Djavan, que se lesionou precocemente) e Stojiljkovic ocupou a vaga de Hassan, que foi ao Egito para o funeral do seu pai.

Jogo com progressivo sentido único


O Sp. Braga teve o primeiro remate do encontro, é certo, mas abdicou de uma postura de quarto grande, de discutir o jogo pelo jogo, para atuar em bloco nas linhas mais recuadas e procurar o ponto no Estádio do Dragão.

A estratégia arsenalista – completamente válida, naturalmente – fez com que o FC Porto não fosse além de ensaios de fora da área durante a maioria da etapa inicial. Nesse particular, destaque para um soberbo trabalho de Aboubakar, fugindo a Ricardo Ferreira com um toque de calcanhar para finalizar com o pé esquerdo, ligeiramente por cima.

Já perto do intervalo, Kritciuk fez a primeira defesa e a grande nível, evitando o golo a Cristian Tello. Na melhor oportunidade dos dragões, o espanhol dominou a passe de Brahimi, isolou-se mas rematou contra o russo. Logo depois, André André atirou ao lado.

Julen Lopetegui mexeu sem alterar o rumo do encontro


O FC Porto não entrou com a mesma clarividência na etapa complementar e o Sp. Braga, perigoso em rápidas transições, chegou a rondar a baliza de Iker Casillas. Com as alterações, porém, os dragões aumentaram o fluxo ofensivo e foram montando o cerco total ao adversário.

Alberto Bueno destacou-se num par de lances, Miguel Layún demonstrou ser um lateral de grande utilidade e apenas Jesus Corona desperdiçou a oportunidade, não conseguindo fazer esquecer Yacine Brahimi. Rúben Neves foi a derradeira aposta, saindo Cissokho, para aumentar a qualidade na circulação de bola. Faltava porém tempo e, sobretudo, espaço.

Paulo Fonseca não abdicou do 4x4x2, fazendo troca por troca nos seus setores, mas o Sp. Braga encolheu-se cada vez mais e terminou a partida instalado em torno da baliza de Kritciuk. Valeu um ponto, a juntar ao sucesso europeu, numa semana de forte exigência física.

Relacionados

Patrocinados