Sporting-Rio Ave, 1-1 (crónica)

Ricardo Gouveia , Estádio de Alvalade
15 jan 2021, 20:34

Quebra antes do clássico

Depois do despiste nos Barreiros, na Taça de Portugal, o Sporting voltou a perder o controlo do jogo na Liga, agora com Ruben Amorim ao volante, não conseguindo melhor do que um empate cujos custos só vão ser realmente conhecidos depois do clássico do Dragão. A verdade é que os leões, depois de terem chegado à vantagem, antes do intervalo, desperdiçaram uma oportunidade soberana para reforçar a liderança, traídos por três antigos companheiros, Geraldes, Mané e Dala que construíram o golo do empate.

Com uma defesa renovada, com Eduardo Quaresma e Cristían Borja a escoltar Sebastian Coates, nos lugares de Neto (covid-19) e Feddal (castigo), os leões entraram com algumas hesitações no jogo, diante de um Rio Ave que pretendia, como Pedro Cunha anunciou, jogar olhos nos olhos. A equipa de Vila do Conde estudou bem o adversário e procurou desde logo estancar o corredor direito dos leões, onde militam Pedro Porro, em grande forma, e Pedro Gonçalves, a procurar recuperar a inspiração que o elevou a melhor jogador da Liga nos últimos meses.

Com Fábio Coentrão, mais por dentro, e Pedro Amaral, por fora, bem juntos sobre a esquerda, o Rio Ave não só conseguia secar o corredor, como saía facilmente a jogar, provocando alguns calafrios no início do jogo, com destaque para uma arrancada de Carlos Mané, apenas travada por um carrinho de Plata. Mas a verdade é que o Sporting não demorou a equilibrar-se em campo e o Rio Ave teve de recuar as suas linhas para travar um leão que começava a crescer, quase sempre pela direita, onde Coentrão e Pedro Amaral já tinha amarelo de tanto os leões forçarem essa ala.

Apesar do corredor congestionado, com Plata desterrado no lado contrário [acabaria por ser determinante], os leões, agora com mais posse de bola, foram carregando, sempre pela direita, mas ainda com Porro a calibrar os seus cruzamentos. O lateral espanhol chegava com facilidade à linha de fundo, com o apoio próximo de Pedro Gonçalves e João Mário, mas depois cruzava com demasiada força ou sem a melhor direção. Mas a perseverança do espanhol acabou por trazer resultados, por linhas tortas,  já perto do intervalo. Mais um cruzamento em força, a atravessar toda a área e a colocar o esquecido Plata em jogo, com o colombiano, com espaço e tempo de decisão, a cruzar rasteiro para o encosto de Pote. Pedro Gonçalves estava, como nos últimos jogos, apagado, mas apareceu no sítio certo para marcar o 12.º golo e reforçar o estatuto de melhor marcador da Liga.

Um golo que abanou o Rio Ave nos instantes finais da primeira parte e que reforçou a confiança dos leões que podiam ter aumentado a vantagem antes do intervalo, com destaque para um desvio de Tiago Tomás e um remate à meia volta de Nuno santos, numa altura e que a equipa de Pedro Cunha já pedia o final do primeiro assalto em risco de KO.

Tudo ao contrário na segunda parte 

Para o arranque da segunda parte, Pedro Cunha prescindiu de Pedro Amaral para lançar Gabrielzinho e, como um passe de mágica, os papeis inverteram-se num abrir e fechar de olhos. O Rio Ave aumentou a intensidade e velocidade do jogo logo a abrir, procurando forçar a entrada na área leonina pela zona central, diante de um leão a bocejar, com enormes dificuldades em travar as triangulações que três antigos jogadores da casa – Mané, Geraldes e Dala – iam fazendo. Na mesma medida em que o Rio Ave aparecia agora mais acutilante, como ainda não se tinha visto, o Sporting perdia a consistência que tinha chegado a exibir na primeira parte.

E não foi por falta de aviso. O Rio Ave tentou uma vez, duas, com Palhinha e João Mário aos papéis, e à terceira acabou mesmo por chegar ao empate, com Geraldes a ganhar uma bola a João Mário, abrindo na direita para a entrada de Mané que esperou pela saída de Adán para depois servir Dala para o empate. O avançado não festejou e até pediu desculpa, por respeito à sua antiga equipa. Tal como tinha acontecido com o Rio Ave no final da primeira parte, o Sporting também demorou a digerir o golo consentido, com Gelson Dala a pôr sucessivamente em causa a consistência defensiva da equipa de Ruben Amorim que desesperava junto à linha, agora já com as liberdade de um treinador principal.

Pedro Cunha tentou tirar proveito do embalo da sua equipa e procurou alargar a frente de ataque com a entrada de Meshino, prescindindo de um esgotado Geraldes, enquanto Amorim também arriscava, abdicando de Quaresma, para lançar Tabata, e, logo a seguir, também Jovane Canbral, ficando Nuno Santos a fechar o flanco esquerdo.

O jogo estava aberto, apesar dos poucos remates, e as mudanças tiveram de ser assimiladas em alta rotação, com as duas equipas a atacarem à vez. Tiago Tomás teve uma oportunidade soberana, a cinco minutos dos 90, para recuperar a vantagem, mas viu o remate desviado por um corte sensacional de Aderlan Santos. O Sporting expunha-se à procura da vitória e o Rio Ave respondia com contra-ataques vertiginosos que obrigavam os leões a constantes descidas e subidas.

Os jogadores procuravam recuperar o fôlego quando haviam alterações a partir do banco, mas o ritmo voltava a subir de imediato. A verdade é que Kieszeck não fez uma única defesa na segunda parte e o jogo chegou ao final com um empate que pouco vai render face ao clássico do Dragão. Os leões atravessam definitivamente uma fase negativa, embora continuem sem perder nesta Liga.

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