Final da Liga Conferência: Roma-Feyenoord, 1-0 (crónica)

25 mai 2022, 22:16

Mão cheia para Mourinho

Cinco finais europeias, cinco troféus para José Mourinho, o primeiro treinador a conquistar a nova Liga Conferência, com uma vitória pragmática sobre o Feyenoord (1-0), em Tirana, na Albânia. Com doses bem medidas de eficácia, muita resiliência e até algum cinismo, não fosse uma equipa italiana comandada por Mourinho, a Roma arrancou o troféu das mãos do Feyenoord e fez a festa. Bastou um golo, em momento oportuno, marcado por Zaniolo, e depois muita luta, muita raça e Rui Patrício na defesa do magro resultado que proporcionou o 26.º título ao mais titulado treinador português.

Com 22 mil adeptos no Estádio Nacional de Tirana e mais do dobro no Estádio Olímpico, em Roma, entrou melhor o Feyenoord no jogo, com um bloco subido e uma pressão muito forte a colocar muitos problemas à defesa romana que não conseguia sair a jogar. Os neerlandeses tinham mais bola, mas também sentiram dificuldades para encontrar espaços no último terço, com Orkun Kokçu em plano de destaque, na organização do jogo.

José Mourinho tinha deixado Sérgio Oliveira no banco, mas teve de o ir buscar cedo, depois de Mkhitaryan, que estava em dúvida para este jogo, se ter ressentido da lesão que sofreu na meia-final frente ao Leicester.

A Roma fechava-se bem e procurava alargar o jogo, procurando tirar proveito do modo compacto com o adversário se posicionava em campo, mas a verdade é que os passes longos nem sempre saíam bem aos romanos. Um jogo que se tornou rapidamente aborrecido, uma vez que se lutava muito em campo, mas não havia emoção junto das balizas.

Zaniolo marca e muda o jogo

Tudo mudou, repentinamente, ao minuto 32, quando Mancini, com mais um passe longo, lançou Zaniolo para a área. O talentoso médio recebeu no peito, deixou os centrais nas suas costas e, perante a saída de Bijlow, picou-lhe a bola por cima, com a ponta da bota. Estava feito. Um golo muito comemorado pelos romanos e que deixou os neerlandeses visivelmente abalados. A Roma passou a gerir muito melhor o tempo e os espaços nos momentos que se seguiram ao golo, fazendo o adversário correr atrás da bola.

O Feyennord só conseguiu voltar à carga nos últimos instantes da primeira parte, pressionando nas duas alas e colocando muitas bolas na área, mas apenas Kokçu, com um remate cheio de efeito, conseguiu assustar Rui Patrício até ao intervalo.

Não era difícil de adivinhar, mas o Feyennord voltou a entrar fortíssimo na segunda parte e, logo a abrir acertou por duas vezes nos ferros. O primeiro lance resulta de um cruzamento de Sinisterra da direita, com Mancini, ao tentar antecipar-se a Trauner, a desviar para o poste. Na recarga, Til atirou forte, mas Patrício defendeu. Mas a melhor defesa do guarda-redes português estava reservada para o minuto seguinte. Bomba de Malacia à entrada da área, com Patrício a voar e a desviar a bola novamente para o poste.

A Roma abanava. Estava permeável, com muitos jogadores a surgirem nas costas da primeira linha romana. Mourinho percebeu onde estava a falha e resolveu-a em dois tempos com a entrada de Veretout, recuando Cristante para «trinco», para montar um triangulo com o francês e Sérgio Oliveira, ligeiramente mais adiantados.

O Feyenoord continuava a ter mais bola, mas agora jogava bem mais longe dos postes de Patrício e até foi a Roma que teve uma oportunidade soberana para duplicar a vantagem. Grande passe de Veretout e remate de Pellegrini para boa defesa de Bijlow.

A verdade é que a defesa romana, com os três centrais em destaque, nunca perdeu a consistência e Mourinho conseguiu ir moldando a equipa e adaptando-a aos problemas que o Feyenoord foi colocando, terminando a segunda parte de uma forma bem mais confortável do que tinha começado.

Mourinho venceu, assim, a final mais importante da carreira, como o próprio a classificou, sem grande brilho, sem muito espetáculo, mas com muita sagacidade e inteligência. À Mourinho.

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