Trabalhadores de um dos maiores jornais de França estão em greve por causa de editor conotado com a extrema-direita

27 jun 2023, 18:26
Le Journal du Dimanche. Getty

Protesto dos jornalistas de Le Journal du Dimanche recebeu o apoio de várias figuras públicas

Os jornalistas e funcionários de Le Journal du Dimanche, um dos maiores jornais de França, entraram em greve contra a nomeação de Geoffroy Lejeune, um jornalista ligado à extrema-direita, como editor-chefe. Lejeune, de 34 anos, era editor na Valeurs Actuelles, uma revista semanal conotada com a extrema-direita, conhecida pelos artigos e manchetes anti-imigração. Enquanto Lejeune era editor, a revista foi multada por insulto racista, em 2022, na sequência de uma reportagem retratando a deputada negra Danièlle Obono como uma escrava acorrentada.

Geoffroy Lejeune é amigo de longa data de Marion Maréchal, sobrinha da líder de extrema-direita Marine Le Pen e que também fez parte do partido nacionalista francês.

Geoffroy Lejeune. Getty

O protesto dos jornalistas e funcionários do Le Journal du Dimanche recebeu o apoio de diversas figuras públicas francesas, desde atores, escritores e políticos de esquerda, que assinaram uma carta-aberta publicada no Le Monde.

“Pela primeira vez em França, desde a libertação, um grande órgão de comunicação social nacional será comandado por uma personalidade de extrema-direita. Este é um precedente perigoso que diz respeito a todos nós”, diz a missiva.

Entre as centenas de figuras que subscrevem o documento, estão os atores Dénis Ménochet e Mathieu Amalric e a cineasta Nicole Garcia, bem como a autarca de Paris, Anne Hidalgo.

O Le Journal du Dimanche é tido como o principal jornal de domingo em França, conhecido pelas suas entrevistas políticas e pela visão interna da política do governo, analisada de forma independente. No último domingo, não foi publicado, na sequência da paralisação de quase todos os funcionários.

O jornal deverá ser comprado pelo empresário Vincent Bolloré, um industrial conservador católico, que está a tentar expandir o seu império de Media. Já é dono da CNews, que assumiu uma postura mais conservadora, depois de ser comprada, e da Europe 1, que também já enfrentou uma greve de jornalistas por receio de que o conservadorismo católico de Bolloré tomasse conta da estação de rádio.

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