"Em comparação com os 60 crimes do Dr. Ricardo Salgado", Rendeiro diz que os seus "não são muitos"

22 nov 2021, 21:33

O antigo presidente do Banco Privado Português acusa ainda a justiça portuguesa de ter dois pesos e duas medidas e de proteger aqueles que pertencem ao sistema

João Rendeiro é acusado pela justiça portuguesa dos crimes de fraude fiscal, branqueamento de capitais, abuso de confiança, burla qualificada, prestação de informação falsa, manipulação de mercado, falsificação de documentos, entre outros. Numa entrevista exclusiva à CNN Portugal, o ex-banqueiro comparou-se a Ricardo Salgado e disse sobre os crimes que foi sentenciado que "não sendo poucos, não são muitos". 

"O que lhe posso dizer é que, esses crimes, em comparação com os 60 crimes de que o Doutor Ricardo Salgado está acusado, não sendo poucos, não são muitos. E no entanto, o Doutor Ricardo Salgado segue com a sua vida tranquila em Lisboa."

Mantendo a comparação com ex-dono do BES, o antigo presidente do Banco Privado Português (BPP), que se encontra em parte incerta desde o final de setembro, acusa a justiça portuguesa de ter dois pesos e duas medidas e de proteger aqueles que pertencem ao sistema. 

"(...) o que acontece comigo e com a minha família, há uma diferença substancial. Evidentemente, o Doutor Ricardo Salgado é uma pessoa que, ainda hoje, é uma pessoa extremamente influente em Portugal. Os pagamentos que foram feitos dos célebres sacos azuis, ainda não são conhecidos os seus destinatários. É uma pessoa que tem muita informação sobre operações muito delicadas e intervenientes também complexos, portanto, é uma pessoa que é protegida pelo sistema. Há-que encontrar outro que, aparentemente é muito poderoso, mas que, como nunca pagou nada a ninguém, e como não tem segredos de Estado, então é um poderoso fraco". 

Rendeiro fez questão de dar um outro exemplo de como o processo em que está envolvido não é "equitativo", pegando no caso de Salvador Fezas Vital, um dos ex-administradores do BPP, que foi condenado apenas a uma multa de 15 mil euros. 

João Rendeiro foi condenado no final de setembro a três anos e seis meses de prisão efetiva. O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, aconteceu em 2010, já depois do caso BPN e antecedendo outros escândalos na banca portuguesa.

O BPP originou vários processos judiciais, envolvendo burla qualificada, falsificação de documentos e falsidade informática, bem como processos relacionados com multas aplicadas pelas autoridades de supervisão bancária.

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