"Eu também estou chateado, também estou triste". Bolsonaro faz apelo aos apoiantes para o fim dos bloqueios

2 nov 2022, 22:53
Jair Bolsonaro espera reeileção para um segundo mandato nas presidenciais de 2022 AP/Silvia Izquierdo)

Candidato derrotado das eleições de domingo afirma que os bloqueios rodoviários estão a prejudicar muitas pessoas em todo o país

Jair Bolsonaro apelou esta quarta-feira ao fim dos bloqueios rodoviários no país. Numa mensagem divulgada através das suas redes sociais, o candidato derrotado nas eleições de domingo pediu aos seus apoiantes que tivessem a “cabeça no lugar”.

Reforçando que os protestos são bem-vindos, o ainda presidente afirmou que “não é bom encerrar rodovias pelo Brasil”, o que prejudica outros cidadãos que querem circular.

“Sei que estão chateados, que estão tristes, que esperavam outra coisa. Eu também estou chateado, também estou triste. Mas vamos ter a cabeça no lugar”, disse.

Defendendo que esse encerramento de vias prejudica os direitos dos cidadãos, Jair Bolsonaro pediu o respeito por essas mesmas pessoas, dirigindo-se depois aos seus apoiantes: "desobstruam as rodovias, isso não faz parte das manifestações legítimas. Não vamos perder a nossa legitimidade".

Assim, o ainda presidente assinalou que essas pessoas podem juntar-se a outros protestos, sem prejuízo para o país.

"Protestem de outra forma, noutros locais. Por favor não pensem mal de mim, eu quero o vosso bem", terminou.

As manifestações desta quarta-feira, um feriado público no Brasil, seguiram-se a protestos maciços de camionistas alinhados com o pró-Bolsonarismo, que desde segunda-feira bloquearam cerca de 600 autoestradas em todo o país para protestar contra a vitória de Lula.

De acordo com a Polícia Rodoviária, os bloqueios persistiram em cerca de 150 pontos em 15 dos 27 estados do país e em muitos casos foram apenas parciais, obstruindo mas não bloqueando completamente o tráfego.

Em alguns locais, como na cidade paulista de Baruerí, as estradas foram libertadas por uma intervenção firme da polícia, que dispersou os camionistas com gás lacrimogéneo, mas sem quaisquer confrontos ou baixas.

O protesto dos camionistas começou a perder intensidade depois de Bolsonaro ter concedido a derrota e determinado que o governo iniciaria o processo de transição com a equipa de Lula, que está agendado para quinta-feira.

Bolsonaro fez uma declaração sobre o resultado das eleições na terça-feira, cerca de 45 horas após a contagem oficial ter condenado a vitória do líder progressista.

Num breve discurso, disse que os protestos foram o resultado da indignação e de um sentimento de injustiça pela forma como decorreu o processo eleitoral.

Disse que as "manifestações pacíficas" eram "bem-vindas", mas reforçou que os seus métodos "não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população", e salientou que ninguém pode impedir "o direito de ir e vir".

Durante as manifestações às portas dos quartéis Bolsonaro permaneceu em silêncio, tal como Lula, cuja equipa anunciou que o presidente eleito passará "dois ou três dias" numa praia do nordeste do país, a fim de descansar após uma dura campanha eleitoral.

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