Foram precisas quase 48 horas para que Jair Bolsonaro reconhecesse o resultado eleitoral e a derrota que o afasta, já a partir de janeiro, da presidência do Brasil
Depois de falar ao país após um longo silêncio, Jair Bolsonaro reuniu-se com o Supremo Tribunal Federal, um encontro que durou uma hora e que se realizou à porta fechada. Lá, Bolsonaro terá dito “acabou”, referindo-se às eleições presidenciais e à sua não contestação dos resultados.
A revelação, conta o G1 - portal de notícias da Globo -, foi feita pelo ministro Luiz Edson Fachin. “O Presidente da República utilizou o verbo acabar no passado. Ele disse ‘acabou’. Portanto, olhar para a frente”, disse.
No Twitter, Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal, disse que Bolsonaro reafirmou o compromisso de respeitar a Constituição e os resultados das urnas. “É o momento de unir e pacificar o país”, escreveu o magistrado.
Em conversa com o STF, o Presidente da República reafirmou o compromisso inviolável de respeito à Constituição e aos resultados das urnas. É o momento de unir e pacificar o país.
— Gilmar Mendes (@gilmarmendes) November 2, 2022
Já no seu discurso ao país e, mais concretamente, aos 58 milhões de eleitores que votaram em si, Jair Bolsonaro deu a entender que não irá contestar os resultados que deram a vitória apertada a Lula da Silva, candidato do Partido Trabalhista, embora nunca tenha mencionado o nome do seu adversário.
Apesar de o ainda presidente ter colocado um ponto final nestas eleições, os bolsonaristas continuam os protestos e a condicionar o acesso a estradas, estando vias bloqueadas em 17 estados brasileiros, como conta a CNN Brasil.
Para Bolsonaro, que mencionou os protestos no seu discurso desta terça-feira, “os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça sobre como se deu o processo eleitoral”.
Bolsonaro acrescentou ainda que “as manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas”, mas que os seus apoiantes não devem seguir o exemplo da esquerda, “que sempre prejudicaram a população, como a invasão de propriedades, destruição de património e cerceamento do direito de ir e vir”.
Esta quarta-feira, os bloqueios estão a acontecer nos estados Acre, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins. Apesar de terem sido dadas como terminadas 563 manifestações, ainda existem 167 protestos ativos de apoio a Jair Bolsonaro.