Irão lança mísseis contra jihadistas no Paquistão, que avisa para "consequências graves" após morte de "crianças inocentes"

António Guimarães , Atualizada às 21:31
16 jan, 17:53
Exército iraniano em exercícios militares (AP)

Bases do grupo terrorista Jaish al-Zalm foram o objetivo dos ataques iranianos

O Irão destruiu duas bases do grupo terrorista Jaish al-Zalm, uma organização que opera a partir do sudeste do país e que tem grande parte das ações contra o civis e militares iranianos.

De acordo com a agência de notícias IRNA, os ataques foram conduzidos com mísseis no Paquistão, país que faz fronteira com o Irão.

As primeiras avaliações do exército iraniano indicam que as duas bases foram atingidas e destruídas por mísseis e drones.

O grupo Jaish al-Zalm tinha atacado recentemente as forças de segurança do Irão na fronteira entre os dois países.

Este grupo, cuja tradução é “Exército da Justiça”, é uma organização de inspiração jihadista, operando a partir de uma zona onde existem vários baluchis, uma etnia iraniana de maioria sunita.

A organização afirma-se como um grupo separatista que luta pela independência da província de Sistão-Baluchistão, reivindicando mais direitos para a etnia baluchi.

O Irão, que classifica este como um grupo terrorista, acredita que existem ligações do Jaish al-Zalm à al-Qaeda, sendo que alguns meios de comunicação iranianos já sugeriram que possa haver influência e financiamento de Estados Unidos e Arábia Saudita ao grupo.

Este ataque iraniano surge depois de Teerão ter lançado ataques contra Iraque, onde garante ter atingido uma base de operações da Mossad, a agência de serviços secretos de Israel, e Síria, onde operavam membros do Estado Islâmico.

Paquistão responsabiliza Irão pela morte de duas crianças

O Paquistão responsabilizou o Irão pela morte de duas “crianças inocentes” e por três feridos num ataque hoje realizado no país, que, segundo Islamabade, constitui uma “violação não provocada” do seu espaço aéreo.

Em comunicado, o ministério paquistanês dos Negócios Estrangeiros confirma o ataque contra posições alegadamente jihadistas. “Esta violação da soberania do Paquistão é completamente inaceitável e pode ter consequências graves”, alertou a diplomacia de Islamabade.

Este ataque aumenta ainda mais as tensões no Médio Oriente após o início da guerra entre Israel e o movimento palestiniano Hamas na Faixa de Gaza, em 7 de outubro, e das investidas de um grupo de países ocidentais, liderados por Estados Unidos e Reino Unido, contra posições dos rebeldes Huthis do Iémen para manter a segurança da navegação comercial no Mar Vermelho.

Formado em 2012 por antigos membros de uma organização sunita radical, o grupo Jaish al-Zalm ficou conhecido por ter reivindicado a responsabilidade pelo rapto de 12 polícias e soldados iranianos em outubro de 2018.

Na noite de segunda-feira, o Irão disparou mísseis contra o norte da Síria e Iraque visando o grupo Estado Islâmico. Entre os seus alvos, a Guarda Revolucionária iraniana reivindicou um ataque à suposta sede da Mossad, a agência de informações israelita, na região curda do Iraque.

O Iraque classificou os ataques, que mataram vários civis, como uma “violação flagrante” da sua soberania e chamou de volta o seu embaixador em Teerão.

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