Irão pode atacar Israel "nas próximas 48 horas". Como se chegou a este ponto?

12 abr, 17:10
Ataque ao consulado iraniano em Damasco (SANA/AP)

Fonte iraniana afirmou ao The Wall Street Journal, contudo, que o aiatola Ali Khamenei ainda não tomou uma decisão. As IDF garantem que Israel "está em alerta e altamente preparado para vários cenários"

O Irão pode atacar Israel "nos próximos dois dias": É esse entendimento de uma fonte anónima com conhecimento de causa ouvida pelo The Wall Street Journal.

De acordo com a fonte, o ataque iraniano é iminente e pode ocorrer dentro das próximas 24 ou 48 horas. Ao mesmo jornal, contudo, uma fonte iraniana afirma que o líder supremo, o aiatola Ali Khamenei, ainda não tomou uma decisão.

A fonte de Teerão afirma que a Guarda Revolucionária Iraniana colocou em cima da mesa várias opções de ataque a Israel, incluindo um ataque direto ao território israelita com mísseis de médio alcance, cabendo a Khamenei escolher uma delas. O aiatola está, contudo, receoso que o ataque falhe e que Israel possa, em retaliação, atacar as infraestruturas críticas do Irão.

Outra aparente opção, adiantada por duas fontes americanas à CBS News, é a da utilização de mais de 100 drones e dezenas de mísseis contra alvos militares em território israelita.

Em conferência de imprensa, o porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) Daniel Hagari garantiu que o país "está em alerta e altamente preparado para vários cenários".

"Estamos prontos para o ataque e a defesa utilizando uma variedade de capacidades que as IDF possuem, e também prontos em conjunto com os nossos parceiros estratégicos", disse Hagari, numa referência ao líder do Comando Central dos Estados Unidos, o general Michael Kurilla.

Como se chegou aqui?

O motivo de um potencial ataque iraniano foi o bombardeamento do consulado do país em Damasco, capital da Síria, no dia 1 de abril. Tanto o Irão como o governo sírio responsabilizaram Telavive, que não se pronunciou sobre o ataque.

O bombardeamento, para além de destruir completamente o edifício, matou sete pessoas, incluindo Mohammad Reza Zahedi, comandante da força iraniana de operações especiais Quds, e o seu vice-comandante, o brigadeiro-general Mohammad Hadi Haji-Rahimi.

Em reação, Ali Khamenei disse que este bombardeamento "não ficará sem resposta".

"O regime sionista será castigado pelas mãos dos nossos homens corajosos. Fá-lo-emos arrepender-se deste e de outros crimes que cometeu", prometeu o aiatola, citado pela Reuters.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Hossein Amir-Abdollahian, considerou o ataque uma "violação de todas as obrigações e convenções internacionais" e pediu uma "resposta séria" da comunidade internacional.

Também o porta-voz desse ministério, Nasser Kanaani, referiu que Teerão "preserva o direito de tomar medidas recíprocas e decidirá o tipo de resposta e punição contra o agressor".

A retórica iraniana manteve-se, o que espoletou preocupações com uma possível escalada. Citado pela CNN Internacional, o secretário-geral da ONU, António Guterres, através do seu porta-voz, pediu "contenção" a todas as partes e alertou que qualquer passo em falso pode levar a um conflito mais alargado "com consequências devastadoras".

Na quinta-feira, e num tom mais contido do que o dos primeiros dias, fontes iranianas afirmaram à Reuters que Teerão informou os Estados Unidos de que a resposta ao ataque do consulado será feita de forma a evitar uma "grande escalada" do conflito e de que não atuará "de forma precipitada".

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