Cabo Verde explica «contrato verbal» de Rui Águas e acusa FPF

4 jan 2016, 18:39
Rui Águas (LUSA/ José Sena Goulão)

Fonte da FPF rejeita que a federação portuguesa tivesse acordado pagar o salário do selecionador caboverdiano

O presidente da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF) responsabilizou a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) pelo atraso no pagamento dos salários a Rui Águas e seu adjunto, que pediram a demissão da seleção africana.

Em conferência de imprensa, citada pela Lusa, Vitor Osório explicou que Rui Águas era o selecionador cabo-verdiano mas o seu salário era pago na totalidade pela FPF «no âmbito de um acordo de cooperação entre as duas federações».

«Esse acordo foi verbal. Não há qualquer contrato escrito entre a FCF e a FPF sobre o «compromisso Rui Águas», assim como não há nenhum contrato escrito de trabalho entre a FCF e Rui Águas», afirmou o atual presidente, que está no cargo desde abril de 2015.

O valor em dívida ao treinador português e ao seu adjunto Bruno Romão corresponde a oito meses de salários em atraso, 45 mil euros para Rui Águas e 33 mil euros para o seu auxiliar.

«A situação desconfortável dos salários por liquidar ao Rui Águas (e ao seu assistente Bruno) pela FPF, levou que a FCF lhe fosse fazendo pagamentos para minimizar a situação de dificuldades económicas e financeiras da sua vida pessoal e familiar», referiu Vitor Osório.

De acordo com o líder cabo-verdiano, a equipa técnica recebeu o primeiro salário em outubro de 2014 e até outubro de 2015 a FCF pagou «com recursos próprios» 102,5 mil euros, dos quais 66 mil a Rui Águas e 33,5 mil euros a Bruno Romão. Acrescentou ainda que os prémios de jogo de qualificação e presença de Cabo Verde na Taça das Nações Africanas (CAN) de 2015, na Guiné Equatorial foram pagos entre junho e outubro de 2015, de forma a «compensar os atrasos no pagamento por parte da FPF».

O jogo particular entre Portugal e Cabo Verde, em março de 2015, foi recordado por Vitor Osório que referiu que foi acordado um valor de 50 mil euros, verba que foi destinada aos salários de Rui Águas, mas «sem o conhecimento» da FCF.

O dirigente confessou ainda que, um mês depois de ter entrado para o cargo, procurou junto da FPF soluções para o caso, mas «na impossibilidade de reduzir o contrato a escrito, foi acertado a manutenção do acordo».
Vitor Osório garante que a FCF não tem «capacidade para mais» e prometeu tudo fazer para que a dívida a Rui Águas e Bruno Romão seja paga.

Contudo, fonte de FPF disse ao  Maisfutebol
 que a federação lusa «não tem, nem teve qualquer acordo com federação de Cabo Verde para pagar salário de nenhum selecionador, seja Rui Águas ou outro qualquer».
 
A FPF conversou com Cabo Verde e São Tomé sobre a possibilidade de estabelecer um protocolo de cooperação com os países. «Nesse ambito (e só nesse), a FPF enviou a Cabo Verde, em 2015, o diretor técnico Silveira Ramos para conhecer a realidade». O responsável «produziu um relatório e a situação está nesse ponto», adiantou a mesma fonte.

O dirigente federativo de Cabo Verde propôs ao Governo local que passe a atribuir uma verba de seis mil euros mensais, a ficar celebrado num contrato-programa até 2018, para comparticipação nas remunerações da equipa técnica do país.

O próximo selecionador será o professor Beto Cardoso, que terá um contrato escrito, conforme indicou Vitor Osório.
 

Relacionados

Patrocinados