Brasileiro ex-Nacional da Madeira analisa Wolfsburgo e Sporting, comenta a Liga Portuguesa e conta como está a ser a vida após o susto do último verão
A Alemanha é uma espécie de casa dos horrores para o Sporting. Apesar do longo historial nas competições europeias, os leões nunca foram felizes em terras bávaras, arrancando, apenas, um empate nas 10 ocasiões em que mediram forças em casa de adversários germânicos.São vários os motivos que servem para explicar as constantes quedas. Pegando na última viagem efetuada à Alemanha, já esta temporada, os leões tombaram diante do Schalke 04 (2-3), numa partida recheada de condicionantes que terminou com uma grande penalidade mal assinalada a Jonathan Silva.
E depois há aquela noite negra de Munique (2008/09): 7-1 diante do Bayern que, somado ao resultado da primeira mão, construiu um dos parciais mais desnivelados da Liga dos campeões (1-12).
Para perceber o que espera o Sporting em Wolfsburgo, o Maisfutebol
É obrigatório bloquear Nani e Carrillo
Impedido de dar o seu contributo à equipa, devido a um susto de saúde, o brasileiro vai seguir as incidências da partida por fora, mas avisa que é importante para os germânicos resolverem já na primeira mão de forma a evitar sobressaltos.
«Não acredito que haja favoritos. Penso que vai ser uma partida disputada, intensa, mas jogamos a primeira mão em casa e temos uma boa oportunidade de construir um bom resultado para não irmos a Alvalade sob pressão», disse o brasileiro, de 27 anos, sublinhando a importância do primeiro jogo.
Felipe Lopes tem funcionado como uma espécie de agente especial para os responsáveis do Wolfsburgo que lhe têm perguntado tudo sobre os leões, aproveitando o seu profundo conhecimento do futebol português. Nas informações que passou aos seus técnicos, Lopes aponta os dois ases do leão: Nani e Carrillo.
«O Sporting tem dois grandes jogadores que podem criar problemas a qualquer altura do jogo. Nani e Carrillo são muito perigosos e temos de estar atentos às suas movimentações. Já estamos alertados para as suas qualidades e para a força que o Sporting coloca nas faixas laterais», analisou, considerando que nem os últimos deslizes do leão retiram qualidade à equipa de Marco Silva.
«Não acredito que o Sporting esteja fragilizado depois dos empates [Benfica e Belenenses]. Depois dos jogos conversámos sobre o que correu menos bem e colocamos atrás das costas. E quando tens um jogo deste nível pela frente ficas sempre motivado. Quanto mais rápido entrares em campo melhor», reforçou.
Felipe Lopes: «Somos forte e temos jogadores com muita qualidade»
Basta olhar de relance para a temporada do Wolfsburgo para perceber que a missão do Sporting vai ser tudo menos fácil. A formação orientada por Dieter Hecking ocupa, neste momento, o segundo lugar da Bundesliga e, ainda há poucas semanas, vergou o poderoso Bayern por concludentes 4-1.
«Viemos agora da pausa de inverno e regressámos muito bem. Tivemos um excelente resultado contra o Bayern Munique e também na última jornada com o Leverkusen. Somos fortes defensiva e ofensivamente. O Schürrle chegou agora e tornou-nos mais forte, mas temos outros jogadores com muita qualidade como o Bas Dost, Perisic ou o Naldo», apontou.
A última amostra que se pode retirar do percurso do Wolfsburgo foi mesmo o triunfo em Leverkusen por 5-4, num jogo louco em que se pôde ver o melhor e o pior do próximo adversário do Sporting.
«Foi um jogo atípico. Raramente os jogos têm tanta intensidade e um número tão grande de golos. Acabámos por ser felizes. Conseguimos o golo nos últimos instantes e festejámos a vitória», recordou.
Aconteça o que acontecer, a temporada dos germânicos vai sempre ser dividida em dois momentos: com e sem Malanda. O jovem médio faleceu a 10 de janeiro, vítima de um acidente de viação, deixando o balneário de rastos. Após o choque e cumprido o luto, o plantel uniu-se com o objetivo de homenagear o companheiro malogrado.
«As primeiras semanas foram muito difíceis, foi um choque muito grande. A partida do Júnior [Malanda] abalou o balneário, mas também serviu para unir o grupo. Queremos fazer o melhor possível em todas as competições para lhe dedicarmos uma justa homenagem», disse.
A esperança depois do susto e o desejo de voltar a Portugal
Felipe Lopes viveu, no último verão, um dos piores momentos da carreira e ainda luta para regressar aos relvados. O brasileiro sofreu um ataque isquémico transitório, também conhecido como mini-AVC, enquanto assistia a um encontro do Mundial do Brasil, o que o obrigou a parar.
Afastado dos relvados há sensivelmente dez meses, Felipe Lopes luta, diariamente, para regressar à competição. As próximas semanas devem trazer boas notícias, até porque já se começa a ver uma luz ao fundo do túnel.
«Sofri um problema de saúde grave e tive mesmo que parar. Felizmente o pior já passou e só estou à espera de um exame a realizar Março para ter alta e voltar aos treinos com a equipa. Agora estou a cumprir etapas no treino físico, porque tenho de recuperar o tempo em que estive parado», disse.
Apesar de ter saído de Portugal há já alguns anos, o defensor brasileiro vê, com alguma regularidade, o seu nome ser associado aos grandes portugueses. O brasileiro diz-se honrado por o seu nome ainda circular em Portugal e sublinha a vontade de um dia regressar ao nosso país.
«É sempre bom ver o meu nome associado a grandes clubes em Portugal e ser recordado porque gostava de voltar a Portugal. Para já não há nada de concreto, tenho contrato com o Wolfsburgo, mas um dia gostava de voltar a Portugal. Passei lá alguns anos e continuo a acompanhar o campeonato. Só tenho coisas boas a dizer do país e tenho de agradecer as oportunidades que me deram, especialmente ao Nacional da Madeira onde vivi grandes temporadas», recorda.
É evidente o carinho que Felipe Lopes nutre por Portugal e pelo futebol português, onde passou alguns dos melhores anos da carreira. Apesar dos vários milhares de quilómetros que o separam da Liga Portuguesa, o brasileiro continua atento e considera que o Sporting está longe da luta pelo título.
«É difícil o Sporting ainda conseguir ganhar pontos aos dois e entrar na luta pelo título. É possível, mas muito complicado. Acredito que o campeonato se vai decidir entre FC Porto e Benfica. Há poucos pontos a separar as duas equipas e ainda faltam vários jogos até ao final. O título ainda está em aberto e qualquer uma das equipas pode ser campeã», concluiu.
