Federação espanhola reage com dureza à renúncia à seleção de 15 jogadoras

22 set 2022, 23:21
Jorge Vilda (AP)

Atletas pedem a saída do selecionador Jorge Vilda. Organismo segura-o, fala de uma situação grave sem precedentes no futebol mundial e diz que só poderão voltar um dia se admitirem que erraram e pedirem perdão

Quinze jogadoras espanholas manifestaram por email a indisponibilidade para representar a seleção enquanto Jorge Vilda se mantiver no cargo de selecionador, que ocupa desde 2015.

No final de agosto, um grupo de jogadoras liderado pela capitã Irene Paredes terá forçado um braço de ferro com o técnico, alegando que o mesmo não estava a conseguir rentabilizar em campo o talento que tinha à disposição. Escreveu a imprensa espanhola à data que algumas atletas consideravam que o tratamento dado às jogadoras titulares e suplentes não era o mesmo, o que desmotivava o grupo, e que havia uma má gestão de minutos, situação que se refletia em alguns casos de lesões mais ou menos graves. Além disso, o técnico foi acusado de dar treinos de pouco nível.

«As jogadores nunca pediram a destituição de Jorge Vilda. Enquanto capitãs, em representação do grupo, transmitimos os nossos sentimentos. Houve muitas fugas, muitas delas falsas. Mas estamos aqui para dar a cara. Parece-nos que se vai tentar mudar a situação. O objetivo é melhorar», esclareceu Irene Paredes, negando parte das informações veiculadas pela imprensa, entre elas a de que tinham pedido a «cabeça» do selecionador.

No centro da polémica, Vilda apontou, no princípio deste mês, o dedo a quem passou informação para fora. «Foram ultrapassados os códigos do futebol. O que se passa no balneário, fala-se e fica no balneário. Sou uma pessoa de diálogo e a minha porta está sempre aberta», atirou.

Agora, a novela atingiu contornos mais pesados, com 15 jogadores a comunicarem por email a indisponibilidade de representarem a Roja enquanto Jorge Vilda por lá continuar. Escreve a Marca que nesse lote não está a melhor jogadora do Mundo Alexia Putellas nem jogadores pertencentes ao Real Madrid.

Em comunicado, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) confirmou ter recebido 15 emails de 15 jogadoras da seleção, todos iguais e nos quais é referido que a situação atual está a ter consequências a níveis emocional e de saúde e que se a mesma não for revertida renunciam à seleção.

E reagiu com dureza: «A RFEF não vai permitir que as jogadoras questionem a continuidade do selecionador nacional e do seu corpo técnico, uma ver que tomar essas decisões não faz parte das suas competências. A RFEF não vai admitir que nenhum tipo de pressão por parte de nenhuma jogadora para adotar medidas de âmbito desportivo. Este tipo de manobras está longe de ser exemplar e está fora dos valores do futebol, do desporto e são nocivas.»

No mesmo comunicado, o organismo presidido por Luis Rubiales avisa que a não ida à seleção após uma convocatória pode ser considerada, à luz da lei espanhola em vigor, uma infração muito grave passível de sanções entre os dois e os cinco anos de afastamento. «A RFEF, ao contrário da forma de atuar destas jogadoras, quer deixar claro que não as levará a este extremo nem as vai pressionar. Diretamente, não convocará as futebolistas que não desejem vestir a camisola de Espanha. A Federação contará unicamente unicamente com futebolistas comprometidas nem que tenha de jogar com juvenis.»

A Federação Espanhola fala de uma situação sem presente na história do futebol masculino e feminino no contexto interno e, até mundial, e garante que as jogadoras que apresentaram a renúncia à seleção nos termos acima referidos só poderão ser convocadas no futuro se assumirem que erraram e pedirem perdão.

Jorge Vilda tem contrato até 2024.

 

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