«Fico envergonhado quando em Portugal me perguntam se quero continuar aqui»

7 nov 2021, 23:50
Abel Ferreira na final da Supertaça do Brasil, entre Palmeiras e Flamengo (Joedson Alves/EPA)

Abel Ferreira com discurso muito crítico em relação ao futebol brasileiro

Abel Ferreira começou a conferência de imprensa após a vitória do Palmeiras no terreno do Santos por falar de Marília Mendonça, a cantora brasileira que faleceu na sequência de um acidente de avião e que o treinador português compara a Ayrton Senna.

«Quero dar os sentimentos a toda a família da Marília Mendonça. Acompanhei ontem a grandeza de uma mulher e acho que, de facto, o Brasil tem muitos exemplos para mudar a cultura desportiva. A forma que ela encarava a vida faz-me lembrar muito do Ayrton Senna, que é um exemplo para todos os brasileiros e para mim. O Senna foi uma referência para mim no desporto, não apenas por ganhar, Ele não gostava de perder, mas respeitava os adversários quando perdia.»

A partir daqui, Abel partiu para uma crítica feroz ao futebol brasileiro. O português nunca o disse, mas toda a gente associou que estava a referir-se aos acontecimentos tristes da última semana, particularmente a violência no Internacional-Grémio.

«Vou ter que dizer isto: o futebol brasileiro precisa de mudar a cultura desportiva. Tem que saber ganhar e saber perder. As pessoas não gostam que eu fale a verdade, mas isto é um jogo de futebol. Se queremos mudar a cultura do Brasil, eu tenho que melhorar, a imprensa tem que melhorar, a mentalidade dos jogadores tem que melhorar, os clubes e os dirigentes têm que melhorar. Comportamentos geram comportamentos. Fico envergonhado quando vejo algumas imagens e quando pessoas de Portugal me perguntam se quero continuar neste futebol», referiu.

«O futebol daqui tem muita qualidade, jogadores de muita qualidade, tem jogadores nas maiores ligas. As pessoas têm que perceber que o Brasil é o país do futebol ou dos jogadores de futebol. Mas temos que fazer uma reflexão. Isto passa pela cultura desportiva. Começando por mim, claro. Temos que melhorar os nossos comportamentos. Se eu semeio o ódio e a violência, espero do outro lado o quê? Amor, carinho e respeito ao adversário? Não. Temos que saber ganhar e perder. Gosto de aprender, olhar para meus erros e evoluir, mesmo que às vezes me caiam em cima. Todos tem uma responsabilidade muito grande para ver que mensagem querem passar do futebol brasileiro.»

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