Inês Sousa Real quer acabar com as touradas por considerar ser uma forma de divertimento "anacrónica", mas Francisco Rodrigues dos Santos garantiu que com "o CDS no governo o IVA da tauromaquia vai baixar novamente"
A tauromaquia foi o tema que dominou o frente a frente entre Inês Sousa Real e Francisco Rodrigues dos Santos. Foram 25 minutos de um debate aceso em que presidente do CDS-PP acusou o PAN de ser um "lobo com pele de cordeiro", por querer acabar com a caça e a tourada, e Inês disse a Chicão para se "aproximar do século XXI".
Quem puxou o assunto para o meio da arena foi Francisco Rodrigues dos Santos quando classificou o PAN como um "partido animalista radical" que quer "impor de forma ditatorial a sua forma de vida às pessoas". O líder do CDS defende que a atividade tauromáquica é uma "arte performativa com raízes culturais" e se Inês Sousa Real não gosta, a solução é simples: "não assista".
“O PAN não quer limitar a idade do acesso a tourada. O PAN é um partido ditador. Tem um gosto diferente dos portugueses e quer impô-lo. (...) Não gosta de touradas, não assista. Não procure proibi-las".
Inês Sousa Real, que manteve sempre um sorriso no rosto enquanto ouvia estas acusações, deixou claro que o PAN "não respeita formas anacrónicas de divertimento" e que as touradas são uma atividade que "beneficia de milhões de euros”. E lançou uma pergunta: onde estão os 90 milhões de euros para o Campo Pequeno?
"Os únicos postos de trabalho que se extinguem com a tauromaquia são de meia dúzia de pessoas que estão ligadas ao lobby da tauromaquia e que beneficiam de milhões de euros. Os portugueses gostariam de certeza de saber para onde foram os 90 milhões de euros para o Campo Pequeno, para que se fossem lá realizadas touradas, e que desapareceu no processo de insolvência."
Num tom mais aceso, a porta-voz do PAN usa a carta das autárquicas para atacar Francisco: "Quantos vereadores elegeu em Santarém? Zero". Não satisfeito, o democrata-cristão deixou uma garantia: "O CDS no governo vai baixar novamente o IVA da tauromaquia". "Isso não vai acontecer, porque para isso teria de ser eleito para o governo", rematou Inês.
Vídeo: o essencial do debate sobre o mundo rural em três minutos
PAN é "linha azul" para apoiar um governo do PSD
E no que toca a fórmulas governativas, Francisco Rodrigues dos Santos não hesitou em dizer que se o PAN fizer parte de uma solução do PSD, Rui Rio não contará com o seu apoio. "Com o PAN é completamente impossível. É um impedimento, é uma linha azul", assegurou.
"O PAN é contra a via verde na Saúde, mas defende um SNS para cães e gatos. É contra a criminalização do abandono de idosos nos hospitais, mas criminalização do abandono de animais de companhia. É a favor da eutanásia, mas é contra o abate de animais", argumentou.
Lançada a mesma pergunta mas no sentido inverso, ou seja, se faria parte um governo PSD com o apoio do CDS, Inês Sousa Real limitou-se a dizer que "teria de estar em cima da mesa o acompanhar daquelas que são as linhas vermelhas do PAN" e que o CDS teria de se "aproximar do século XXI".
PAN quer ferrovia que ligue todas as capitais de distrito e CDS uma redução dos impostos na eletricidade e combustíveis
O partido Pessoas-Animais-Natureza ainda não apresentou o programa eleitoral, mas algumas das suas bandeiras passam por taxar atividades poluentes, priorizar a transição energética, acabar com as isenções às petrolíferas e criar-se uma ferrovia que ligue "todas as capitais de distrito".
“Nos ainda não apresentamos o nosso programa eleitoral deste ano, vai ser apresentado em breve. Mas naquilo que respeita a política fiscal do PAN, nós temo-nos pugnado por dois princípios basilares essenciais: por um lado garantir maior justiça social e uma justiça ambiental e as duas não tem de ser antagónicas".
Já Francisco Rodrigues dos Santos quer uma redução de 30% nas faturas dos combustíveis e da eletricidade para as empresas e famílias. Confrontado sobre se isso não vai incentivar as pessoas a pegarem mais nos carros, respondeu: "eu acho que é fundamental que haja uma boa cobertura aos transportes públicos para que sejam uma alternativa” e, por isso mesmo, defender "a privatização de todas as empresas de transportes públicos".