"Porque é que a China causa ansiedade em Washington e nós não causamos ansiedade em Pequim?" Índia está a investir nas forças armadas

30 nov 2023, 12:07
Militares indianos (AP)

Perante o cenário atual, oficiais indianos reconhecem, em privado, ao The Economist, que não poderão enfrentar a China pelo menos nos próximos 30 anos

A Índia está a investir nas suas forças armadas com um objetivo em mente: equilibrar forças com a China, escreve o The Economist nesta quarta-feira.

A publicação estima que a modernização das forças armadas indianas, as segundas maiores do mundo, com 1,4 milhões de efetivos, dure várias décadas.

Apesar do aumento do financiamento, a diferença para a China continua a ser bastante assinalável: em 2014, quando Narendra Modi chegou ao cargo de primeiro-ministro, a despesa da Índia com o setor da Defesa representava apenas 23% da chinesa, número que aumentou para 28% atualmente. O objetivo de ter 42 esquadrões na força aérea continua igualmente distante, uma vez que apenas dispõe de 31: é uma diferença de 200 aviões.

Na marinha, o cenário não é diferente: até 2035, a Índia tem de adquirir ou produzir 25 navios para atingir o objetivo de 175 em 2035. Mesmo alcançando essa meta, a marinha indiana continuará longe dos 370 navios ao serviço da China. Um dos maiores investimentos é a construção doméstica de um porta-aviões, embarcação que custará aos cofres do Estado quase 4,4 mil milhões de dólares. Ainda assim, este navio só entrará ao serviço quando os dois porta-aviões em atividade forem desmantelados.

O exército indiano também sofre graves problemas, diz o The Economist, citando dados do comité de Defesa do parlamento indiano, revelados em março, que indicam que 45% do seu equipamento está obsoleto. Os parâmetros definidos estabelecem que os stocks de munição deveriam durar para 40 dias de guerra em duas frentes, mas um relatório de 2017 considerou que os tipos de munição mais importantes acabariam em dez dias de conflito.

A publicação americana afirma que os oficiais indianos reconhecem, em privado, que não poderão enfrentar a China pelo menos nos próximos 30 anos. Para tentar atenuar este cenário, o governo de Narendra Modi está a promover e a assinar contratos com pequenos fabricantes privados de armamento. Um desses exemplos é a aquisição de 50 drones de vigilância e ataque à NewSpace Research & Technology, uma empresa sediada na cidade de Bangalore.

Apesar do pessimismo generalizado e dos dados pouco positivos, há quem tenha esperança numa mudança para melhor. “Houve mudanças monumentais nos últimos nove anos”, disse o Raj Shukla, general indiano na reforma, ao The Economist. “O objetivo da Índia é aumentar o ‘músculo militar’ sem aumentar significativamente os custos”, sublinhou, apontando que a diferença dos gastos militares entre Índia e China é sensivelmente a mesma da China para os Estados Unidos.

"Porque é que a China causa ansiedade em Washington e nós não causamos ansiedade semelhante em Pequim?", questionou Shukla.

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