Com que então voltas a jogar aos 45? Então eu regresso aos 53!

14 mar 2016, 10:36
Van Der Sar (Lusa)

Dois internacionais já «reformados» voltaram a competir neste mesmo fim de semana

Dois dias seguidos, dois regressos impensáveis. Ou não tão impensáveis assim?... Primeiro foi Edwin van der Sar, no sábado. Depois foi Stuart Pearce, no domingo. O guarda-redes holandês voltou a jogar aos 45 anos. O defesa inglês regressou à competição aos 53 anos, 13 depois da sua reforma.

Reforma antecipada antes da hora, melhor dizendo? É a revolta da Brigada do Reumático ou alguma descoberta da fórmula do elixir da juventude? No ano passado, vimos como a dieta do então mais velho jogador a atuar em Portugal o mantinha em forma.

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Seja qual for a conclusão, é assumidamente pelo gosto do jogo.

Respeitando a cronologia do fim de semana, primeiro foi Edwin van der Sar a entrar em campo. Retirado em maio de 2011, o guarda-holandês voltou a competir quase cinco anos depois do adeus aos relvados.

O gosto pelo jogo só pode ter par no amor à camisola (quando o há). E com Van der Sar há ambos. O VV Noordwijk foi o clube onde ele começou a jogar. E quando o clube precisou dele, disse presente.

Van der Sar aceitou ser o guarda-redes da equipa enquanto o titular, Mustafa Amezrine, estiver lesionado. O regresso foi auspicioso quanto baste, pois se o guardião holandês teve hipótese de mostrar as qualidades que ainda conserva defendendo um penálti, o Noordwijk não conseguiu melhor do que um empate (1-1) frente ao Jodan Boys em jogo da quarta divisão da Holanda.

Mundialmente conhecido, Van der Sar construiu o mais importante da carreira no mais famoso clube holandês, o Ajax, e no inglês Manchester United. Por ambos foi campeão europeu de clubes, além dos outros troféus internacionais e nacionais que venceu. E jogou 130 vezes pela seleção holandesa.

A ligação ao futebol nunca acabou e o holandês de 45 anos que ainda faz perninhas pelo clube que o viu nascer vai fazendo carreira na estrutura do Ajax. Foi inclusive da equipa sub-9 do clube de Amesterdão que Van de Sar mais gostou quanto aos incentivos que recebeu para o jogo deste sábado.

Parecia o facto insólito do fim de semana. Foi um, mas não foi o único. Stuart Pearce pareceu estar a dizer «Se tu voltas aos 45 anos, eu volto aos 53!». Treze anos depois, o antigo internacional inglês (78 vezes) voltou a jogar uma partida oficial, já depois de ter começado a carreira de treinador.

Stuart Pearce foi um jogador emblemático do Nottingham Forest da segunda metade da década de 1980, clube que deixou em 1999, depois de 14 épocas. A carreira de futebolista terminou três épocas mais tarde. Terminou a primeira parte, melhor dizendo.

O lateral esquerdo deixou de jogar no Manchester City e foi nos «citizens» que começou a treinar. A carreira foi sendo contruída de forma interna e passou para as seleções inglesas sendo vice-campeão europeu sub-21. Antes já tinha sido chamado por Fabio Capello para a equipa técnica principal e foi selecionador interino quando o treinador italiano saiu.

Pearce comandou ainda a equipa da Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos Londres 2012 antes de voltar ao trabalho nos clubes. Foi parar a Nottingham, como não é de estranhar. Mas só lá esteve um ano, antes de ser demitido no ano passado. Em finais de janeiro pôs a carreira de treinador em suspenso, assim como suspendeu a reforma de futebolista, e assinou pelo Longford AFC.

Neste domingo, Stuarte pearce voltou a jogar aos 53 anos ao serviço daquela que é conhecida como a pior equipa de Inglaterra. O lateral inglês entrou para jogar a segunda parte. Mas não se pense que mudou muito. O título que o Longford detém deve-se ao facto de ter perdido todos os jogos do escalão onde milita: o 13º de Inglaterra.

E sem ou com Stuart Pearce, o título continua seu: o Longford voltou a perder na estreia do (já não antigo, mas ainda) internacional inglês (no ativo). A derrota (0-1) com o wolton Rovers deixou o pior registo dos campeonatos ingleses em 23 derrotas em 23 jogos com oito golos marcados e 199 sofridos.

Algo que não incomoda Pearce. Em declarações recolhidas pela «ITV», o lateral esquerdo destacou que o que importa são «as raízes», pois têm estado a perder visibilidade para as ligas famosas. Mas ele garante que «os sorrisos na cara das pessoas, dos jovens», que «aparecem todas as semanas pelo amor ao jogo» é o que ele agora valoriza: «É isso que é o futebol.»

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