Rússia detém ex-agente russo acusado pelo abate do voo MH17

Agência Lusa , FG/AM - notícia atualizada às 21:06
21 jul 2023, 16:33
 Igor Girkin (Getty)

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Igor Girkin tinha repetidamente declarado a sua vontade de ir para a zona de guerra, ao mesmo tempo que criticava o Kremlin e o Ministério da Defesa, bem como o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, e o fundador do Grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin

O ex-agente dos Serviços Federais de Segurança da Rússia (FSB) Igor Girkin, que foi condenado pela justiça pelo abate do voo MH17 da Malysia Airlines em 2014, e que recentemente se tornou crítico do Kremlin, foi detido esta sexta-feira na Rússia e permanecerá em prisão preventiva até 18 de setembro.

Girkin é acusado de incitação ao extremismo, ao abrigo do artigo 280.º do Código Penal, em duas mensagens publicadas no Telegram em maio de 2022. Nessas mensagens, expressou preocupação com a situação na península da Crimeia, anexada pela Rússia, e com o não pagamento aos soldados.

“As declarações do instrutor de que posso fugir para o exterior são abertamente ridículas, já que sou procurado pela Interpol na maioria dos países do mundo e fui condenado por um tribunal em Haia a prisão perpétua por um crime que não cometi”, afirmou.

O advogado de Girkin, Alexander Molojov, confirmou a detenção do seu cliente por funcionários do Comité de Investigação do Gabinete do Procurador-Geral da Rússia.

Desde o início da invasão russa da Ucrânia, Girkin tinha repetidamente declarado a sua vontade de ir para a zona de guerra, ao mesmo tempo que criticava o Kremlin e o Ministério da Defesa, bem como o chefe do Estado-Maior, Valeri Gerasimov, e o fundador do Grupo Wagner, Yevgeni Prigozhin.

Em novembro do ano passado, um tribunal dos Países Baixos (que assumiu a jurisdição sobre o abate do voo MH17, dado que 193 das 298 vítimas mortais tinham nacionalidade holandesa) condenou pelo ataque Girkin, além do cidadão russo Serguei Dubinski e o cidadão ucraniano Leonid Jarchenko.

O voo da Malaysia Airlines, que viajava de Amsterdão para Kuala Lumpur, foi atingido por um míssil quando sobrevoava o leste da Ucrânia, uma área extremamente conturbada por confrontos entre tropas ucranianas e milícias separatistas pró-Rússia (com quem Girkin colaborava).

Num dos mais recentes desenvolvimentos do caso, em fevereiro passado, a Procuradoria holandesa anunciou ter indícios de que o Presidente russo, Vladimir Putin, ordenou o fornecimento às forças separatistas pró-Rússia do sistema de defesa antiaérea usado para disparar um míssil contra o avião.

O Kremlin já anunciou que “não aceita os resultados” da investigação levada a cabo pelas autoridades internacionais e desvinculou-se de qualquer responsabilidade, denunciando uma politização do processo.

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