Houthis, apoiados pelo Irão, controlam grande parte do Iémen. Guerra civil provocou uma das piores crises humanitárias do mundo, deixando centenas de milhares de mortos e empurrando partes do país para a fome
O Iémen está mergulhado no caos desde 2014, quando as forças Houthis, apoiadas pelo Irão, invadiram a capital Saná e derrubaram o governo internacionalmente reconhecido e apoiado pela Arábia Saudita, desencadeando uma guerra civil. O conflito transformou-se numa guerra mais ampla em 2015, quando uma coligação liderada pela Arábia Saudita interveio numa tentativa de derrotar os Houthis.
Oito anos depois, a coligação não conseguiu desalojar os Houthis, que continuam a controlar grande parte do Iémen. Em 2022, foi finalmente assinado um cessar-fogo, mas este caducou ao fim de seis meses. No entanto, os beligerantes não retomaram uma guerra total.
A guerra provocou uma das piores crises humanitárias do mundo, deixando centenas de milhares de mortos e empurrando partes do país para a fome.
17 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar no país, afirma o Programa Alimentar Mundial (PAM), avisando que a situação humanitária e a falta de alimentos e de outros bens essenciais podem levar milhões de pessoas à fome e à morte.
O conflito também causou estragos nas infraestruturas do país, agravou o colapso económico e levou a deslocações generalizadas de populações.
Atualmente, mais de 24 milhões de pessoas - acima de 80% da população - necessitam de ajuda humanitária e de proteção, de acordo com a ONU. Cerca de três milhões de pessoas foram deslocadas das suas casas, centenas de milhares perderam os seus empregos e mais de metade da população vive atualmente em condições de pobreza extrema.
De acordo com um relatório de 2021 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o conflito matou cerca de 377 mil pessoas, mais de metade das quais por causas indiretas associadas ao conflito, como a falta de alimentos, água e cuidados de saúde.
Até à data, apenas 38,9% das necessidades de financiamento humanitário do Iémen estão a ser satisfeitas, segundo o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), havendo ainda um défice de financiamento de 2,7 mil milhões de dólares (cerca de 2,4 mil milhões de euros).