Caos, conflito e fome: o que o Iémen tem sofrido na última década

CNN , Nadeen Ebrahim
12 jan, 14:33
Paradas militares dos rebeldes Houthi no Iémen

Houthis, apoiados pelo Irão, controlam grande parte do Iémen. Guerra civil provocou uma das piores crises humanitárias do mundo, deixando centenas de milhares de mortos e empurrando partes do país para a fome

O Iémen está mergulhado no caos desde 2014, quando as forças Houthis, apoiadas pelo Irão, invadiram a capital Saná e derrubaram o governo internacionalmente reconhecido e apoiado pela Arábia Saudita, desencadeando uma guerra civil. O conflito transformou-se numa guerra mais ampla em 2015, quando uma coligação liderada pela Arábia Saudita interveio numa tentativa de derrotar os Houthis.

Oito anos depois, a coligação não conseguiu desalojar os Houthis, que continuam a controlar grande parte do Iémen. Em 2022, foi finalmente assinado um cessar-fogo, mas este caducou ao fim de seis meses. No entanto, os beligerantes não retomaram uma guerra total.

A guerra provocou uma das piores crises humanitárias do mundo, deixando centenas de milhares de mortos e empurrando partes do país para a fome.

17 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar no país, afirma o Programa Alimentar Mundial (PAM), avisando que a situação humanitária e a falta de alimentos e de outros bens essenciais podem levar milhões de pessoas à fome e à morte.

O conflito também causou estragos nas infraestruturas do país, agravou o colapso económico e levou a deslocações generalizadas de populações.

Atualmente, mais de 24 milhões de pessoas - acima de 80% da população - necessitam de ajuda humanitária e de proteção, de acordo com a ONU. Cerca de três milhões de pessoas foram deslocadas das suas casas, centenas de milhares perderam os seus empregos e mais de metade da população vive atualmente em condições de pobreza extrema.

De acordo com um relatório de 2021 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o conflito matou cerca de 377 mil pessoas, mais de metade das quais por causas indiretas associadas ao conflito, como a falta de alimentos, água e cuidados de saúde.

Até à data, apenas 38,9% das necessidades de financiamento humanitário do Iémen estão a ser satisfeitas, segundo o Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA), havendo ainda um défice de financiamento de 2,7 mil milhões de dólares (cerca de 2,4 mil milhões de euros).

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