Bandos criminosos controlam neste momento grande parte da capital, Port-au-Prince, e as estradas que conduzem ao resto do país caribenho
Os Estados Unidos retiraram parte do pessoal da embaixada em Port-au-Prince devido ao aumento da violência entre gangues haitianos e reforçaram a segurança do pessoal diplomático, anunciou este domingo a representação norte-americana.
"O aumento da violência dos gangues nas imediações da embaixada dos Estados Unidos e do aeroporto levou o Departamento de Estado a tomar medidas para a partida de mais pessoal", declarou a embaixada nas redes sociais.
A operação, conduzida pelo exército norte-americano, foi efetuada por helicóptero no sábado à noite, segundo residentes locais citados pela agência francesa AFP
The U.S. Embassy in Haiti remains open. Heightened gang violence in the neighborhood near U.S. embassy compounds and near the airport led to the State Department's decision to arrange for the departure of additional embassy personnel. All arriving and departing passengers work…
— U.S. Embassy Haiti (@USEmbassyHaiti) March 10, 2024
"Este transporte aéreo de pessoal de e para a embaixada faz parte dos nossos procedimentos planeados para reforçar a segurança da embaixada", disse o exército norte-americano num comunicado.
A embaixada dos Estados Unidos em Port-au-Prince continua aberta, segundo a mesma fonte.
Port-au-Prince, palco de confrontos entre polícias e bandos armados, é "uma cidade sitiada", advertiu no sábado o responsável no Haiti pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), Philippe Branchat.
"Os habitantes da capital estão a viver confinados, sem terem para onde ir", descreveu.
Bandos criminosos controlam a maior parte da capital e as estradas que conduzem ao resto do país caribenho.
A situação agravou-se desde a semana passada, e resultou na libertação de milhares de presos, incluindo muito líderes de gangues, e numa escalada de violência nas ruas.
Há vários dias que os bandos atacam esquadras de polícia, prisões e tribunais na ausência do primeiro-ministro Ariel Henry, cuja demissão é pedida pelos criminosos e por uma parte da população.
De acordo com as últimas notícias, Henry encontra-se retido em Porto Rico após uma viagem ao estrangeiro.
Perante a violência, dezenas de habitantes ocuparam no sábado as instalações de um gabinete da administração pública em Port-au-Prince, na esperança de aí encontrarem refúgio, segundo a AFP.
O Governo haitiano declarou o estado de emergência no departamento ocidental, que inclui a capital, Port-au-Prince, bem como um recolher obrigatório noturno, difícil de aplicar pelas forças de segurança já sobrecarregadas com os bandos criminosos.
O Papa Francisco manifestou-se hoje preocupado com a situação e apelou a todas as partes para que trabalhem em prol da paz e da reconciliação no final da celebração do Angelus, na Cidade do Vaticano.
De acordo com a OIM, 362 mil pessoas, mais de metade das quais crianças, estão atualmente deslocadas no Haiti, um número que aumentou 15% desde o início do ano.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) alertou na quinta-feira para o "nível sem precedentes de ilegalidade" que se vive no Haiti, onde duas em cada três crianças necessitam de assistência humanitária.