A violência dos gangues no Haiti causou quase cinco mil mortes, incluindo mais de 2.700 civis, em 2023, de acordo com um relatório apresentado na terça-feira pelo secretário-geral da ONU, António Guterres
Os Estados Unidos pediram à comunidade internacional para apoiar a missão da ONU no Haiti, posta em causa depois de a Justiça do Quénia ter bloqueado o envio de mil polícias para o país.
"O compromisso dos Estados Unidos para com o povo do Haiti permanece inabalável", afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Matthew Miller, em comunicado.
"Reafirmamos o nosso apoio aos esforços internacionais em curso para o envio de uma missão multinacional de apoio à segurança no Haiti (...) e renovamos os nossos apelos à comunidade internacional para que dê apoio urgente a esta missão", acrescentou.
A violência dos gangues no Haiti causou quase cinco mil mortes, incluindo mais de 2.700 civis, em 2023, de acordo com um relatório apresentado na terça-feira pelo secretário-geral da ONU, António Guterres.
Perante os apelos cada vez mais urgentes do Governo haitiano e da ONU, o Quénia concordou em liderar esta força multinacional, que o representante especial adjunto da ONU no Haiti disse esperar que esteja em funções "durante o primeiro trimestre" deste ano.
Em outubro, a ONU deu luz verde a esta força, que conta igualmente com o apoio dos Estados Unidos.
Nairobi tinha dito estar pronta a enviar até mil polícias para o Haiti como parte da força, mas na sexta-feira um tribunal queniano bloqueou a decisão do Governo, considerando-a "inconstitucional, ilegal e inválida".
O Governo queniano anunciou que ia "contestar imediatamente" o veredito do tribunal.
"Há uma necessidade urgente de a comunidade internacional responder aos níveis sem precedentes de violência de gangues e forças desestabilizadoras que visam o povo haitiano", disse Miller.
O assassínio do Presidente Jovenel Moïse, em 2021, mergulhou o Haiti no caos, numa altura em que o país já era palco da violência de gangues.
As gangues controlam agora 80% de Porto Príncipe, enquanto o número de crimes graves está a atingir níveis recorde, de acordo com o representante da ONU no país.