Líder de gangue no Haiti promete lutar contra forças internacionais

17 ago 2023, 16:16
Jimmy Chérizier (AP News Room)

"Será uma luta do povo haitiano para salvar a dignidade do nosso país"

Jimmy Chérizier, um ex-policial e atual líder do gangue G9, deu uma conferência de imprensa esta quarta-feira durante a qual prometeu lutar contra qualquer força armada internacional que cometa abusos no país. 

Apesar de Chérizier, mais conhecido por "Churrasco", ter afirmado que o seu gangue podia aceitar a presença de uma força internacional para ajudar a restaurar a estabilidade no Haiti, também sublinhou que qualquer força devia abster-se de repetir os erros de anteriores missões internacionais que foram acusadas de vários abusos, incluindo má conduta sexual e propagação de doenças.

"Lutaremos contra eles até ao nosso último suspiro", afirmou Chérizier, acrescentando: "Será uma luta do povo haitiano para salvar a dignidade do nosso país". O líder do G9 também incentivou os haitianos a lutarem contra as forças internacionais, pedindo que se mobilizem contra o governo.

Jimmy Cherizier caminha com crianças enquanto visita o distrito de La Saline, em Porto Príncipe, Haiti, a 24 de janeiro de 2023 (AP Photo/Odelyn Joseph)

O primeiro-ministro do país, Ariel Henry - que dirige o Haiti desde o assassinato do ex-presidente Jovenel Moïse, em julho de 2021 -, tem vindo a insistir desde outubro no envio de uma força armada estrangeira para ajudar a combater os poderosos gangues que, segundo as estimativas, controlam atualmente 80% da capital, Port-au-Prince.

O líder do G9 expressou que o seu gangue apoiaria as forças estrangeiras que trouxessem segurança e ajuda para um novo começo no país - o que para ele significa prender o primeiro-ministro, Ariel Henry, "políticos corruptos" e agentes da polícia que acusou de venderem munições e armas nas favelas do Haiti.

O gangue G9 de Chérizier, formalmente conhecido como G9 Família e Aliados, esteve envolvido em vários massacres nos últimos anos, incluindo diversas atividades criminosas. O apelo do líder para a reabertura das escolas nas áreas afetadas pela violência realça as condições terríveis em que muitos haitianos vivem devido ao conflito em curso.

O antigo agente da polícia garantiu ainda que o G9 já não está em guerra com um outro grupo armado, conhecido como G-Prep, liderado por Gabriel Jean-Pierre.

As Nações Unidas não emitiram uma resposta oficial à advertência de Chérizier. No entanto, a situação tem atraído a atenção internacional. O Quénia ofereceu-se para liderar uma força multinacional para ajudar o Haiti e os EUA propuseram uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para autorizar uma missão multinacional não pertencente à ONU.

O Haiti atravessa uma terrível crise humanitária, económica e política, sendo que nenhuma eleição foi realizada desde 2016. 

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