Zelensky fala em negociações "mais realistas". Lavrov com "alguma esperança" em chegar a acordo

16 mar 2022, 09:10
Primeiro dia de negociações Rússia - Ucrânia (AP)

Se do lado ucraniano se pede mais tempo e esforços, o lado russo parece estar menos convencido do rumo que as conversas estão a ter

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, disse, esta quarta-feira, que as exigências da Rússia durante as negociações estão a tornar-se "mais realistas" após quase três semanas de guerra.

O governante disse, num discurso à nação transmitido esta madrugada, que é necessário mais tempo para as negociações, que estão a ser realizadas por videoconferência.

“Ainda são necessários esforços, é preciso paciência”, disse Zelensky. “Qualquer guerra termina com um acordo”, acrescentou.

O líder ucraniano, que vai discursar esta quarta-feira no Congresso dos Estados Unidos, agradeceu ao presidente norte-americano Joe Biden e a "todos os amigos da Ucrânia".

Quem não parece ter o mesmo entendimento é o lado russo. Ainda que admita que existe “alguma esperança”, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia afirma que as negociações não estão a correr bem.

Em entrevista à televisão RBC, citada pela agência estatal TASS, Sergei Lavrov fala em “razões óbvias” para a falta de entendimento.

“Estou a guiar-me pelo que me dizem os negociadores. Dizem-me que as negociações não estão a correr bem por razões óbvias. Ainda assim, há alguma esperança em chegar a um acordo”, afirmou.

O governante russo disse ainda que o país vai mostrar-se disponível para novos contactos com o lado ucraniano no futuro, mas reiterou que, do outro lado, deve haver disposição para uma posição construtiva: “Temos tido boas conversas, e vamos estar prontos para contactos futuros. Mas é preciso perceber o que acrescentam esses contactos, bem como perceber como estas propostas criam ou organizam novos canais de interação”.

Sergei Lavrov disse ainda que há algumas formulações que já estão mais perto de um acordo, ao mesmo tempo que está em "séria" consideração a neutralidade do regime de Kiev. Segundo o ministro, há outros assuntos que importam para a Rússia, como a utilização do russo na Ucrânia e a garantia da liberdade de expressão.

Já o conselheiro de Vladimir Putin vai mais longe, e diz que a Rússia pretende um "acordo para gerações". De acordo com a agência TASS, Vladimir Medinsky, um dos negociadores do lado russo, definiu cinco pontos fulcrais: uma Ucrânia pacífica, livre, neutral, amiga, independente e livre da NATO.

"As negociações são difíceis, lentas. Claro que queríamos que fossem mais rápidas, esse é um sincero desejo da Rússia. Queremos que a paz chegue o mais rápido possível", afirmou Vladimir Medinsky.

Ucrânia e Rússia continuam hoje as negociações, que até agora têm sido infrutíferas. O principal tem sido a definição de corredores humanitários nas cidades mais bombardeadas, mas os ucranianos têm acusado a Rússia, de forma consistente, de violar os acordos.

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