Sabotagens, ataques e até uma caixa de gato. Como as secretas ucranianas têm atacado a Rússia (com ajuda da CIA)

23 out 2023, 20:30
Rússia investiga o assassinato de Darya Gugina, filha de Alexander Dugin. Imagem: Comité de Investigação Russo/Agência Anadolu via Getty Images

Desde 2014 que as secretas norte-americanas ajudam a Ucrânia a preparar-se contra a Rússia. Agência norte-americana gastou dezenas de milhões de dólares para transformar um serviço obsoleto, ainda da era soviética, em algo capaz de lidar com as ameaças russas

Uma bomba numa caixa para gatos que matou a filha de um nacionalista russo, as sabotagens na ponte da Crimeia ou os drones que atingiram vários edifícios em Moscovo, e que andaram perto do Kremlin. Todas estas operações, em alturas e escalas diferentes, foram levadas a cabo pelos serviços secretos ucranianos, mas também tiveram, direta ou indiretamente, o envolvimento da maior agência de espionagem dos Estados Unidos, a CIA.

De acordo com o jornal The Washington Post, várias operações que têm apanhado a Rússia desprevenida foram conduzidas pelo Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU).

Da caixa de gato à Crimeia

Quatro semanas antes de um dispositivo fazer explodir o carro onde seguia Darya Dugina, filha de um nacionalista russo que tinha pedido ao seu país que “matasse” ucranianos, partes do engenho que lhe tirou a vida entraram pela fronteira russa da forma mais peculiar: uma caixa de gato num carro desarrumado em que apenas seguiam uma mãe e a sua filha de 12 anos.

Foi naquele objeto que as secretas ucranianas esconderam alguns dos componentes que serviram para fabricar a bomba que explodiu a 22 de agosto.

Apenas um dos vários ataques surgidos desde então, e que também incluíram as duas sabotagens à ponte de Kerch, que liga a Rússia à Crimeia, ataques a navios russos no Mar Negro ou mesmo a edifícios de Moscovo, incluindo o Kremlin.

Uma série de ataques que comprova que as secretas ucranianas desenvolveram as suas capacidades de atuação desde 2014, altura em que a Rússia anexou a Crimeia e em que parte das suas milícias entrou no Donbass.

E isso só foi possível graças à CIA: foram espiões norte-americanos que formaram, treinaram e equiparam grande parte destes operacionais, de acordo com representantes dos exércitos ucraniano e norte-americano.

Com efeito, desde 2015 que a CIA gastou dezenas de milhões de dólares para transformar um serviço obsoleto, ainda da era soviética, em algo capaz de lidar com as ameaças russas.

Uma melhoria surgida através de sistemas de vigilância avançados, mas também do treino de recrutas em solo ucraniano, bem como nos Estados Unidos. Foram também construídas novas bases para as secretas ucranianas, que receberam uma partilha de informações que não seria possível antes da anexação da Crimeia. De resto, e segundo os responsáveis ouvidos pelo The Washington Post, ainda hoje a CIA mantém uma presença importante em Kiev.

Apesar do envolvimento, responsáveis da CIA garantem que não houve mão norte-americana em operações que terminaram na morte de alvos russos. “Quaisquer potenciais operações foram realizadas pelos serviços ucranianos”, referiu uma fonte ligada às secretas.

A morte de Darya Dugina foge um pouco à regra, mas são várias as operações em que os serviços secretos conseguiram matar militares, colaboradores ou outros representantes russos de relevo. Foi o caso da morte de Vladlen Tatarsky, um blogger militar pró-russo que morreu depois de um ataque a um café em São Petersburgo.

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