Rússia "está à beira de uma guerra civil", diz líder dos serviços secretos ucranianos

6 jul 2023, 16:14
Major-general Kyrylo Budanov, líder dos serviços secretos militiares ucranianos, no seu escritório (Getty Images)

Kyrylo Budanov afirma ainda que um eventual declínio de Putin é benéfico para a Ucrânia, uma vez que poucos na Rússia querem participar na guerra

O chefe dos serviços secretos ucranianos (GRU), Kyrylo Budanov, afirmou ao jornal The Times que a Rússia "está à beira de uma guerra civil".

Budanov reporta que um relatório do Ministério da Defesa da Rússia concluiu que o ex-líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, beneficia de mais apoio popular que Vladimir Putin em 17 das 46 regiões da Rússia. O presidente russo, por seu turno, reunia a maior parte do apoio em 21 regiões, com as restantes a estarem divididas.

"É isso que vemos agora, que a sociedade russa está dividida em duas partes. A situação está a indicar exatamente aquilo de que o nosso serviço tem dito: a Federação Russa está à beira de uma guerra civil. É só preciso que haja um pequeno 'caso' interno, e o conflito interno intensificar-se-á", disse Budanov.

Entre as regiões onde Prigozhin beneficia de maior apoio está o Daguestão, que Putin visitou pessoalmente nos últimos dias para se encontrar com os populares. Segundo Budanov, o ex-líder do Grupo Wagner reúne 97% do apoio nesta região do Cáucaso.

Sobre os relatos que surgem na Rússia, de que está internado em morte cerebral em Berlim, Budanov considera “uma honra” que Moscovo o queira matar. "É como um elogio para mim. Dá-me feedback de que o meu trabalho está a ir no caminho certo. É como uma medalha".

O chefe dos espiões ucranianos afirma ainda que um eventual declínio de Putin é benéfico para a Ucrânia, uma vez que poucos na Rússia querem participar na guerra.

"Porque é que a Rússia o faria de novo? Ninguém nas principais cidades da Rússia gostaria de continuar uma guerra com a Ucrânia. Quando veem a guerra na televisão, dizem: 'Sim, guerra, cavalgar, ir, lutar, o que for'. Mas assim que alguém é convocado, começam a procurar razões para não ir para lá. Ir para a guerra não é uma opção para eles".

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