Prisioneiros de guerra ucranianos morrem em ataque a prisão de Donetsk: Moscovo e Kiev acusam-se mutuamente de crimes de guerra

29 jul 2022, 13:36
Autocarros russos que vão transportar os soldados retirados da Azovstal para a prisão de  Olenivka (Foto: AP)

Separatistas pró-russos garantem que prisão de Olenivka, onde estavam combatentes ucranianos que se renderam em Mariupol, foi atacada com mísseis HIMARS. Ucrânia diz que ataque foi perpetrado por Moscovo para esconder tortura e execuções

As autoridades russas e ucranianas trocaram acusações esta sexta-feira a propósito de um ataque à prisão de Olenivka, que terá matado pelo menos 40 prisioneiros de guerra e ferido outras dezenas de detidos.

As agências de notícias internacionais não confirmam as alegações feitas de parte a parte, mas algumas imagens partilhadas nas redes sociais mostram vários cadáveres num edifício, alegadamente o estabelecimento prisional, muito danificado.

A informação sobre o ataque foi avançada pelos separatistas pró-russos que controlam a região de Donetsk - Olenivka fica a cerca de 20 quilómetros do centro da cidade de Donetsk. 

Citado pela Associated Press, Daniil Bezsonov, porta-voz dos separatistas, disse que, além dos cerca de 40 mortos, também tinham ficado feridos 130 prisioneiros de guerra, quando a Ucrânia atacou o centro de detenção na cidade de Olenivka.

Após a queda de Mariupol nas mãos dos russos, foi tornado público que os combatentes que se renderam, que estavam entrincheirados na fábrica Azovstal, tinham sido levados para várias cadeias em território separatista ucraniano, incluindo a de Olenivka.

Não passou muito tempo até o Ministério da Defesa de Moscovo confirmar o ataque anunciado pelos separatistas, num comunicado em que acusava o regime de Kiev de "deliberadamente executar uma provocação sangrenta".

"O centro de detenção pré-julgamento na área de Yelenovka (Olenivka), onde se encontram prisioneiros de guerra militares ucranianos, incluindo combatentes do batalhão Azov, foi atingido por um míssil do sistema americano HIMARS", lia-se na declaração de Moscovo, divulgada pelas agências russas e que, por sua vez, indicava que, além dos 40 reclusos mortos, outros 75 tinham ficado feridos e oito funcionários da ala de isolamento da prisão também tinha sofrido ferimentos. 

Daniil Bezsonov, que é vice-ministro da Informação da autoproclamada República Popular de Donetsk, garantiu ainda no Telegram que foi um ataque direcionado às instalações dos prisioneiros. Já o Ministério da Defesa russo sublinhava que se tratara de uma "provocação" para intimidar os combatentes ucranianos e procurar impedir que se tornem prisioneiros de guerra.

Tudo isto foi desmentido, horas mais tarde, pelo Estado-Maior-General das Forças Armadas da Ucrânia em comunicado: "As Forças Armadas da Federação Russa bombardearam com artilharia uma instituição correcional na localidade de Olenivka, Donetsk, onde prisioneiros ucranianos também estavam detidos", frisava a declaração. "Desta forma, os ocupantes russos prosseguem os seus objetivos criminosos - acusar a Ucrânia de cometer crimes de guerra, bem como esconder a tortura dos prisioneiros e execuções", sublinhava ainda o Estado-Maior ucraniano, que acrecentou que nenhum ataque foi lançado pelas forças de Kiev naquela área e que as infraestruturas civis nunca eram alvos, sobretudo os "locais onde parceiros de combate estão provavelmente detidos como prisioneiros de guerra".

 

Juntando-se à troca de acusações, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia divulgou uma declaração dizendo que a Rússia cometeu "outro petrificante crime de guerra ao bombardear uma instalação correcional na ocupada Olenivka onde estavam detidos prisioneiros de guerra. Peço a todos os parceiros para condenarem com veemência esta violação brutal da lei humanitária internacional e reconhecerem a Rússia como estado terrorista", afirmou Dmytro Kuleba.

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