Perguntaram a Hollande se Putin é louco e Hollande respondeu que Putin é só "radicalmente racional"

1 fev 2023, 19:02
François Hollande e Vladimir Putin (Alexander Zemlianichenko/AP)

Antigo presidente francês, que trabalhou de perto com o líder da Rússia, traça um cenário para o que entende que é pretendido pelo Kremlin

Desde o início da guerra na Ucrânia que há quem defenda que o presidente da Rússia adotou uma postura errática, admitindo-se mesmo a possibilidade de Vladimir Putin não estar no pleno das capacidades mentais. Mas há quem não acredite nisso, como François Hollande. Em entrevista ao Politico, o ex-presidente de França, que esteve no cargo entre 2012 e 2017, apelida o líder russo “radicalmente racional” e diz que ele tem uma estratégia definida: apostar no desgaste do apoio que o Ocidente está a dar à Ucrânia, partindo daí para negociar um fim de conflito que será favorável à Rússia.

“Ele é uma pessoa radicalmente racional, ou uma pessoa racionalmente radical, como preferirem”, afirmou o antigo chefe de Estado francês, que foi um dos rostos das negociações do Formato da Normandia, quando um conjunto de países se reuniram para tentar resolver a guerra no Donbass e a anexação da Crimeia por parte da Rússia.

O conflito acabou por não se resolver, antes pelo contrário, com a guerra em todo o território ucraniano a iniciar-se oito anos mais tarde. Uma guerra que François Hollande acredita que Vladimir Putin pode expandir, mas sempre tendo em conta a força do Ocidente.

“Ele tem o seu próprio raciocínio e, dentro da sua estrutura, está pronto para usar a força. Ele é capaz de entender a dinâmica [de poder] que temos contra ele.”

Parte desse raciocínio passa, na ótica do francês, por “consolidar os ganhos para estabilizar o conflito, esperando que a opinião pública se farte e que os europeus receiem uma escalada”, o que poderá levar a um forçar de negociações.

E François Hollande destaca o seguinte: já não são França e Alemanha a mediar as relações mas possivelmente países como Turquia ou China, o que “não é seguro para ninguém”.

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