Perderam a cidade, as armas e o exército, mas mesmo assim os habitantes de Kherson saíram às ruas em protesto

5 mar 2022, 16:27
Protestos em Kherson (Redes Sociais)

A população de Kherson é "patriota", diz o autarca. Mesmo sem eletricidade e água, têm rejeitado toda e qualquer ajuda do lado russo

Os habitantes de Kherson, a primeira cidade ucraniana a cair em mãos russas, saíram este sábado às ruas em protesto. 

Perderam a cidade, as armas e o exército, mas, mesmo assim, a coragem manteve-se intacta. Completamente desarmados, os ucranianos que vivem nesta cidade portuária, no sul da Ucrânia, decidiram fazer frente às tropas russas. 

Desde manhã que circulam vários vídeos nas redes sociais. Há relatos que dão conta de pelo menos dois mil participantes. 

O ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano também partilhou um vídeo na sua conta oficial do Twitter.

Nos cartazes, é possível ler-se frases como: "Vão para casa russos" e "Kherson é Ucrânia".

Numa entrevista à CNN Internacional, o autarca de Kherson disse que "as tropas russas estavam por toda a parte", que os serviços normais não estavam a funcionar, porque "não há condições", mas que "a vida continua". 

Ihor Kolykhaiev explicou que a população "não tem mais armas para resistir", uma vez que o exército foi derrotado pelos russos. "Já não temos Exército na cidade. Tiveram de recuar em direção a Nikolaev. Então não temos armas". 

Nesta entrevista, o presidente da câmara garantiu que as tropas russas vão continuar a controlar a cidade, até que o "exército ucraniano possa avançar sobre Kherson". 

Sem os serviços básicos a funcionar, Kolykhaiev apelou à assistência humanitária, uma vez que a cidade se encontra sem eletricidade e sem água potável, lembrando ainda que a única forma de chegar ajuda é através da Crimeia, que pertence à Rússia.  

"Os russos querem enviar-nos ajuda humanitária, mas a população de Kherson tem estado a recusá-la, porque são patriotas e não querem apoios dos russos. Querem ajuda dos ucranianos. Por isso, não estamos a receber qualquer ajuda humanitária neste momento". 

Kherson, que tem perto de 300 mil habitantes, é uma cidade importante estrategicamente, porque tem acesso direto ao Mar Negro.

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