Lukashenko revela ter em mãos armas nucleares da Rússia "três vezes mais poderosas do que as de Hiroshima e Nagasaki"

14 jun 2023, 14:31
Vladimir Putin e Alexander Lukashenko (AP Photo)

Presidente da Bielorrússia anunciou em entrevista a um canal russo que já começou a receber armas nucleares de Moscovo, mas garantiu que só uma agressão "total" contra Minsk o faria entrar na guerra contra Kiev

O presidente da Bielorrússia diz que só uma agressão "total" contra Minsk seria considerada uma "linha vermelha" que faria o país entrar no conflito ucraniano. 

Numa entrevista ao canal estatal russo de televisão Rossiya-1, citada pela agência russa TASS, Alexander Lukashenko falou sobre as condições em que a Bielorrússia, que já começou a receber armas nucleares táticas de Moscovo - informação que o presidente bielorrusso avançou nesta mesma entrevista - entraria na guerra da Ucrânia.

"Falando sobre linhas vermelhas, nunca devem ser desenhadas, porque a vida muda e as linhas movem-se", começou por dizer Lukashenko. "Para mim, linhas vermelhas são uma agressão total de qualquer lado, exceto da Rússia, claro. Os países Bálticos, Polónia e Ucrânia. Se eles enviarem tropas, não pequenas unidades, para atravessarem a fronteira e começarem uma guerra, isto é agressão", defendeu o presidente bielorruso. 

Lukashenko falou ainda sobre o ataque ao avião russo A-50 que estava numa base aérea bielorrussa perto de Minsk, um ato de sabotagem que considerou estar longe de uma agressão. "Provocações como estas", disse, "estão endereçadas e serão endereçadas", afirmou. 

O chefe de Estado bielorrusso falou ainda sobre os ataques ucranianos na região russa de Belgorod, que considerou estarem "longe" de constituírem uma agressão contra Moscovo, mas que admitiu serem uma "provocação significativa". 

Armas nucleares táticas de Moscovo transferidas para Minsk

Lukashenko anunciou também, nesta mesma conversa transmitida por um dos meios de comunicação oficiais de Moscovo, que o seu país já começou a receber armas nucleares táticas da Rússia, alegando que algumas são três vezes mais poderosas do que as bombas atómicas que os Estados Unidos lançaram em Hiroshima e Nagasaki em 1945. 

"Temos mísseis e bombas que recebemos da Rússia", indicou. "As bombas são três vezes mais poderosas do que as de Hiroshima e Nagasaki."

Na terça-feira, o presidente da Bielorrússia, um dos maiores aliados de Putin, revelou que as armas nucleares seriam transferidas para território bielorrusso ao longo de vários dias e que estava disponível para receber mísseis de longo alcance se fosse eventualmente necessário. 

Esta é a primeira deslocação de armas deste género, levada a cabo pela Rússia, desde a queda da União Soviética, assinala a Reuters, que acrescenta que este armamento pode ser usado no campo de batalha.

As movimentações russas estão a ser acompanhadas de perto pelos Estados Unidos e seus aliados, bem como pela China, que tem repetidamente manifestado a oposição a que sejam usadas armas nucleares na guerra na Ucrânia. 

Há meses, Putin anunciou que a Rússia terminaria entre 7 e 8 de julho a construção de uma infraestrutura especial para armazenamento de armas na Bielorrússia, e que as armas seriam deslocadas pouco tempo depois para o local. Mas, no mês passado, pareceu dar indicação de que as armas nucleares já estavam a ser movimentadas, tendo acrescentado ontem, terça-feira, que estas seriam transferidas ao longo de vários dias. 

O presidente da Rússia também disse poderia haver "armas nucleares para todos" que se juntassem à união Moscovo-Minsk.
 

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