Putin tinha dito a 23 de março que os países que considera "hostis" só podem pagar o gás russo em rublos - trata-se de uma medida de retaliação pelas sanções económicas dirigidas contra Moscovo na sequência da invasão da Ucrânia
Moscovo reagiu com um aviso à decisão anunciada pelo G7, o grupo dos países mais industrializados do mundo, de rejeitar a compra de gás russo em rublos: se efetivamente for essa a decisão, a Rússia ameaça cortar o fornecimento de gás.
O aviso foi feito esta segunda-feira pelo deputado russo Ivan Abramov, citado pela Reuters, que respondeu assim à decisão dos países do G7 face à exigência de Vladimir Putin, anunciada na quarta-feira passada, de que os países que constam da sua lista de "inimigos" - entre os quais Estados Unidos, União Europeia (UE) e Reino Unido - devem pagar o gás russo em rublos.
"Todos os ministros do G7 concordaram que esta é uma violação unilateral e clara dos acordos existentes", disse o ministro alemão da Economia, Robert Habeck, cujo país detém a presidência do G7, acrescentando que "o pagamento em rublos é inaceitável".
Habeck apelou ainda às empresas envolvidas no fornecimento e compra de gás russo que "não cumpram a exigência de Putin", considerando que o presidente russo não teria feito este pedido se não estivesse "entre a espada e a parede" perante as sanções económicas do Ocidente devido à invasão da Ucrânia.
Face à recusa do G7, o deputado russo Ivan Abramov, citado pela Reuters, avisou que esta decisão pode levar a uma "interrupção inequívoca" no fornecimento do gás russo.
A exigência de Putin
No passado dia 23 de março, o presidente Vladimir Putin anunciou que os países que considera "hostis" à Rússia só podem pagar o gás russo em rublos, sendo uma medida de retaliação pelas sanções económicas dirigidas contra Moscovo na sequência da invasão da Ucrânia.
"Tomei a decisão de implementar um conjunto de medidas para mudar o pagamento para rublos do nosso gás entregue a países hostis e para renunciar em todas as moedas de liquidação que tenham sido comprometidas", anunciou Putin, citado pela agência estatal Tass.
Na altura, o chefe de Estado russo garantiu que esta medida não colocava em causa o fornecimento de gás, assegurando que "a Rússia continuará a fornecer gás natural de acordo com volumes e preços fixados em contratos previamente celebrados". O que muda é "apenas a moeda de pagamento, que será alterada para rublos", esclareceu então.
Putin deu uma semana às autoridades russas para organizarem um novo sistema de liquidação em rublos.
A lista de países que, no entender de Putin, cometem ações hostis contra a Rússia foi divulgada pelo Kremlin a 7 de março e inclui Estados Unidos, Canadá, os 27 Estados-membros da União Europeia, Reino Unido, Ucrânia, Montenegro, Suíça, Albânia, Andorra, Islândia, Liechtenstein, Mónaco, Noruega, São Marino, Macedónia do Norte, Japão, Coreia do Sul, Austrália, Nova Zelândia, Singapura e Taiwan.
