De quantas mais armas precisa a Ucrânia? Disto tudo

14 jun 2022, 18:41
Ucrânia

Armamento insuficiente e problemas de manutenção dificultam a missão de Kiev e dão alento à Rússia

Esta segunda-feira, o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak publicou no Twitter a lista de armas que a Ucrânia precisa para conter a invasão russa. Entre as armas pedidas, estão 1.000 obuses de 155 mmm, 500 tanques e 300 lançadores múltiplos de rockets. “Sendo direto – para a guerra acabar precisamos de paridade ao nível do armamento pesado”, escreveu.

Apesar das dezenas de anúncios de fornecimento de mais armamento à Ucrânia por parte dos governos ocidentais, a quantidade de equipamento enviada está ainda longe das ambições ucranianas.

De acordo com a consultora Oryx, especializada na recolha de informações através de fontes abertas, os aliados da Ucrânia forneceram apenas cerca de 250 obuses deste calibre, um quarto dos pedidos por Kiev, e pouco mais de 270 tanques, nem metade dos requisitados por Podolyak.

A situação é ainda mais crítica quanto aos lançadores múltiplos de rockets. Dos 300 pedidos, encontram-se ao serviço das forças ucranianas apenas cerca de 50.

O apelo surge na véspera de mais uma reunião do Grupo de Contacto sobre a Ucrânia, criado pouco depois do início da invasão russa. O encontro, que decorrerá em Bruxelas, junta mais de 50 ministros da Defesa de países ocidentais. Em declarações à CNN Internacional, um funcionário da administração norte-americana disse esperar que, da reunião, surjam mais compromissos de entregas de armas à Ucrânia.

"Ouvimos o que [as autoridades ucranianas] estão a dizer, ouvimos absolutamente o que estão a dizer. É uma batida de tambor constante porque é uma batalha constante, com necessidades urgentes em constante evolução", referiu este oficial dos EUA.

Nas últimas semanas, a situação no terreno tem-se dificultado bastante para o lado ucraniano, com a perda de mais território e uma longa batalha pelo controlo de Severodonetsk, crucial para o controlo total do Donbass.

De acordo com o Financial Times, o stock ucraniano de munições de artilharia de 152mm, ainda da era soviética, foi quase totalmente utilizado. Por oposição, o ministro da Defesa, Oleskii Reznikov, disse na passada sexta-feira que a Ucrânia tinha armazenado boas quantidades de munições de 155mm, fornecidas pelo Ocidente. No entanto, um problema: o envio de munições não foi acompanhado pelo envio de obuses compatíveis em quantidade suficiente, pelo que as tropas ucranianas não podem utilizar este material para defender o seu território.

A falta de armamento não é o único problema. Michael Kofman, analista do Center for Naval Analyses, um think tank norte-americano, destaca os problemas em garantir uma manutenção adequada aos equipamentos.

“Foi prometida à Ucrânia uma boa quantidade de equipamento e isso nota-se bastante no campo de batalha. Mas há também dores de crescimento significativas na sua assimilação e utilização. A manutenção é uma questão real na sustentação deste equipamento", afirmou Kofman, citado pelo Finacial Times.

O analista especializado na Rússia afirma que estes problemas servem de alento para Moscovo, que acredita cada vez mais que pode ganhar a guerra.

“Nada de muito mau aconteceu para desconvencer Putin desta visão”, refere.

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