Ucrânia já recebe mais armas dos EUA do que Israel

18 mai 2022, 13:21
Força aérea norte-americana embala armas para enviar para a Ucrânia

Washington continua a aumentar as verbas gastas na defesa de Kiev e os armamentos enviados são cada vez mais caros e complexos

A Ucrânia tornou-se o maior recetor de ajuda militar por parte dos Estados Unidos, ultrapassando Israel como o país que mais dólares recebe para gastar em defesa. Os valores enviados por Washington desde o início da invasão russa seriam suficientes para colocar a Ucrânia no primeiro lugar da lista dos países que mais recebem.  

Com um orçamento para a defesa dez vezes inferior ao da Rússia, muitos analistas davam a derrota da Ucrânia como certa. A verdade é que, mais de 84 dias depois, não só a Ucrânia se mantém firme a defender o seu território, como o orçamento da Defesa do país disparou, fruto dos apoios externos.

O apoio militar norte-americano à Ucrânia começou em 2014, após a guerra civil que teve lugar no Donbass. Durante este período, entre 2014 e 2021, os EUA deram 2,7 mil milhões em ajuda militar aos ucranianos. Agora, desde que começou a guerra, Washington já entregou mais 3,8 mil milhões de dólares em armamento. 

No entanto, este valor é ofuscado pelos 20 mil milhões aprovados, na semana passada, pelo congresso. Esta verba prevê o aumento da produção de stocks de armas dos EUA para reabastecer a quantidade significativa de armamentos já enviados para a Ucrânia. O pacote original de ajuda proposto e aprovado pelo Congresso chega aos 40 mil milhões de dólares, mas parte deste dinheiro destina-se também ao auxílio económico e humanitário da Ucrânia.

Todos os anos, os Estados Unidos gastam milhares de milhões de dólares em apoio militar a vários países. Entre os maiores recipientes encontra-se isolado em primeiro lugar Israel, que, apenas em 2020, recebeu 3,3 mil milhões de euros. Segue-se o Egipto, que recebe 1,3 mil milhões por ano, e a Jordânia em terceiro lugar, com 510 milhões de dólares de ajuda militar por ano.

A Ucrânia tem um orçamento anual militar que ronda os 5,5 mil milhões de euros. Com o apoio prometido pelos norte-americanos, o dinheiro disponível para a Ucrânia gastar no seu exército chega a um terço do orçamento militar russo.

Conforme a guerra avança, as necessidades militares da Ucrânia têm vindo a alterar-se. Se no início, Washington dava prioridade ao envio de armas portáteis e fáceis de utilizar, como os sistemas antitanque Javelin, agora a prioridade está no aumento do poder de fogo do exército ucraniano. A entrega de 90 canhões M777, que requerem uma maior formação, é prova dessa mudança. Os especialistas sublinham que essa constante mutação das necessidades ucranianas vai continuar ao longo do conflito.

Europa quer reforçar defesa com compras comuns

Essa necessidade também foi reconhecida pela União Europeia. Ainda esta terça-feira, Bruxelas defendeu o reabastecimento de arsenais de guerra para continuar o apoio à resistência ucraniana aos avanços de Moscovo. Além disso, à semelhança do que foi feito com as compras de vacinas, o bloco europeu pretende levar a cabo um rearmamento conjunto de forma a evitar “um enorme desperdício de dinheiro”.

A mensagem foi dada por Josep Borrell, o alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, após a publicação de um relatório europeu acerca das deficiências militares europeias. O documento, segundo o jornal espanhol El País, descreve um cenário de “grave redução do volume combinado de forças, das quantidades de equipamentos e de arsenais”.

Segundo a Comissão Europeia, desde o início da invasão, já foram anunciados aumentos de 200 mil milhões de euros dos orçamentos da Defesa na União Europeia.

Porém, Borrel sublinha que "a guerra está em um ponto de viragem decisivo” e que a Europa não pode “permitir que a Ucrânia fique sem equipamentos militares", numa altura em que o exército russo aparenta estar a perder força no terreno.

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