A NATO vai ou não enviar soldados para a Ucrânia? Robert Fico adiantou a hipótese, Costa excluiu-a e Macron voltou a colocá-la

26 fev, 23:27
Líderes da NATO e da UE juntam-se para discutir apoio à Ucrânia (Twitter)

Presidente francês afirma que nada pode ser excluído, até porque é preciso fazer tudo "para a Rússia não ganhar a guerra"

Primeiro o primeiro-ministro da Eslováquia veio dizer que estava a ser considerado. Depois foi o primeiro-ministro português a dizer que nem sequer tinha sido discutido. Agora, e ficando a meio caminho de Robert Fico e de António Costa, o presidente de França afirmou que não é possível excluir a hipótese de países da NATO enviarem soldados para a Ucrânia.

Em conferência de imprensa a partir de Paris, onde recebeu representantes de mais de 20 países, incluindo António Costa por Portugal, Emmanuel Macron disse que “não há consenso para enviar tropas para o terreno”.

“Mas, em termos de dinâmica, nada pode ser excluído”, acrescentou, reiterando a mensagem que já tinha deixado antes da reunião: “Vamos fazer tudo o que for preciso para a Rússia não ganhar a guerra”. E por isso foi decidido avançar com “uma economia de guerra” e “criar uma coligação para ataques profundos e, portanto, mísseis e bombas de médio e longo alcance”

Por saber fica quem são, então, os países que mostraram disponibilidade para o envio de tropas. A julgar pelas palavras de António Costa, Portugal não é um deles. Também o primeiro-ministro da Chéquia veio negar essa possibilidade. É aquilo a que Emmanuel Macron chamou de "ambiguidade estratégica".

"Não disse de todo que a França não era a favor disso”, vincou ainda, falando sobre a mesma possibilidade.

O objetivo, como disse Emmanuel Macron aos seus convidados, é assegurar que a Europa está precavida para todas as eventualidades, sendo que o presidente francês admitiu que a Rússia pode não querer parar pela Ucrânia.

“Estamos num processo de assegurar a segurança coletiva, para hoje e para amanhã”, disse, depois de uma reunião que serviu para mostrar a união no apoio à Ucrânia, e da qual também saiu uma iniciativa para fornecer munições a Kiev.

“A Rússia não pode e não vai ganhar a guerra”, acrescentou Emmanuel Macron, falando numa Rússia que está a ficar mais “forte” nos últimos meses”, à medida que responsáveis ocidentais também sabem que Moscovo prepara “novos ataques, em particular para chocar a opinião pública ucraniana”.

"Cinco categorias de ação"

Emmanuel Macron aludiu a “cinco categorias de ação” nas quais as autoridades europeias concordaram em investir recursos: “a ciberdefesa, a coprodução de armas e munições na Ucrânia, a defesa dos países diretamente ameaçados pela Rússia, em particular, a Moldova, e a capacidade de apoiar a Ucrânia na sua fronteira com a Bielorrússia e em operações de desminagem”.

O governante apontou que os aliados de Kiev devem “fazer mais” no que diz respeito ao envio de recursos militares para a Ucrânia.

“Existem várias opções em cima da mesa, como a emissão conjunta de dívida” para a Ucrânia, explicou.

Considerado a “prioridade das prioridades” as munições, Macron garantiu que os aliados estão “determinados a chegar ao fim das reservas disponíveis”.

"De acordo com a nossa análise (...). A Rússia continua a guerra e a sua conquista territorial, contra a Ucrânia, mas contra todos nós em geral (...). Estamos convencidos de que a derrota da Rússia é essencial para a segurança e a estabilidade em Europa", sublinhou.

Os países da NATO e da União Europeia, organizações às quais pertence Portugal, têm fornecido milhares de milhões de euros em ajuda militar à Ucrânia, seja através de armas, carros de combate ou munições.

Em paralelo as forças ocidentais estão a treinar as tropas ucranianas, incluindo com caças F-16, que ainda não estão a ser utilizados no terreno, mas que devem ficar disponíveis em breve, quando o treino dos pilotos ucranianos terminar.

Apesar disso, caso a hipótese lançada por Robert Fico se viesse a verificar, isso marca um novo passo na guerra, até porque o Ocidente, nomeadamente a NATO, querem evitar um conflito direto com a Rússia.

“Nem a NATO nem os aliados da NATO são parte do conflito”, afirmou o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, a 14 de fevereiro.

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