Coluna russa com mais de 60 quilómetros volta a avançar em direção a Kiev. O que é que isto significa para a tática ucraniana?

11 mar 2022, 19:25

A Maxar Technologies destaca o reposicionamento de "alguns elementos" da coluna militar nas áreas florestais próximas de Lubyanka, na Ucrânia

A coluna militar russa com mais de 60 quilómetros de comprimento, que esteve parada durante vários dias às portas de Kiev, depois de sair da Bielorrússia, assumiu esta quinta-feira posições ofensivas junto ao aeroporto de Kiev, o que motivou preocupações entre os ucranianos.

Alongando-se por 64 quilómetros de tanques, blindados e artilharia rebocada, a coluna esteve praticamente imóvel durante uma semana, mas novas imagens de satélite divulgadas esta quinta-feira pela empresa norte-americana de tecnologia espacial Maxar Tecnhologies mostram que as tropas russas voltaram a avançar em direção a Kiev.

Imagens de satélite da Maxar Technologies mostram avanços da coluna militar russa em direção a Kiev

Citada pela CNN, a Maxar Technologies destaca o reposicionamento de "alguns elementos" da coluna militar nas áreas florestais próximas de Lubyanka, na Ucrânia. 

As imagens de satélite, que, de acordo com a empresa norte-americana, foram capturadas pelas 11:30 locais desta quinta-feira (09:30 em Lisboa), mostram veículos militares russos parados em áreas residenciais da cidade de Ozera, a cerca de 27 quilómetros do noroeste de Kiev e do norte da base aérea de Hostomel, palco de intensos confrontos entre as tropas russas e ucranianas.

Imagens de satélite da Maxar Technologies mostram destruição de cidades ucranianas

Em Berestyanka, a cerca de 16 quilómetros daquela base aérea, é possível observar, segundo a Maxar Technologies, vários camiões de combustível e o que parecem ser lançadores de rockets posicionados numa área florestal. 

As imagens mostram ainda uma espessa nuvem de fumo a sair do que a Maxar Technologies diz serem tanques de armazenamento de combustível em chamas na base aérea de Hostomel.

Imagens de satélite da Maxar Technologies mostram nuvem espessa de fumo a sair de tanques localizados na base aérea de Hostomel

Para o ministro britânico da Defesa, a Rússia "provavelmente está a tentar redefinir e reposicinar as suas forças para uma operação ofensiva renovada nos próximos dias", a qual deverá "incluir operações contra a capital, Kiev".

Também os oficiais da defesa norte-americana, citados pela CNN, interpretam estas imagens como uma reagrupamento das tropas russas para um possível ataque a Kiev.

De acordo com a CNN, esta quinta-feira, as forças ucranianas intercetaram e atacaram com sucesso uma coluna de tanques russos que avançava para o nordeste de Kiev.

As autoridades ucranianas deram conta ainda de dois ataques russos durante a noite: um ataque aéreo em Brovary, a leste de Kiev, que não causou vítimas, e um ataque com mísseis na cidade de Baryshivka, a cerca de 70 quilómetros a leste da capital.

"De acordo com informações preliminares, o míssil Iskander provocou danos significativos em infraestruturas e residências", indicaram as autoridades ucranianas, que acrescentaram que 60 edifícios ficaram completamente destruídos, enquanto 10 casas particulares e quatro apartamentos ficaram parcialmente danificados.

O analista Thomas Bullock, dos serviços de inteligência britânicos, disse à CNN que "a tática da Ucrânia de atacar as linhas de abastecimento funcionou bem, especialmente durante os primeiros cinco, 10 dias da guerra".

De acordo com Bullock, as forças russas quiseram avançar rapidamente para garantir uma vitória também ela rápida, e, como consequência, acabaram por não se proteger à medida que avançavam.

Ora, "isto permitiu que as forças ucranianas ultrapassassem as unidades mecanizadas avançadas da Rússia e atacassem as colunas na retaguarda", explicou.

Mas agora que a Rússia começa a reorientar as suas forças tendo em vista uma guerra prolongada, depois do seu fracasso inicial, "não é claro como é que esta tática irá correr daqui para a frente", concluiu Bullock.

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