"A nossa resposta começou". Estados Unidos começam retaliação e Biden promete mais ataques em "horas e locais à escolha"

CNN Portugal , MJC - notícia atualizada às 23:45
2 fev, 21:32
Base militar dos EUA na Jordânia (AP)

Presidente norte-americano deixou ainda um outro aviso: "Saibam isto: se atingirem os Estados Unidos, vamos responder"

"Esta tarde, sob minha orientação, as forças militares dos EUA atingiram alvos em instalações no Iraque e na Síria que a Guarda Revolucionária Islâmica e suas afiliadas usam para atacar as forças dos EUA. A nossa resposta começou hoje. Continuará em horas e locais à nossa escolha", afirmou o presidente Joe Biden em comunicado, confirmando os ataques lançados esta sexta-feira pelos EUA na Síria e no Iraque em retaliação contra o ataque do passado domingo a uma base aérea na Jordânia, que matou três soldados norte-americanos.

"Os Estados Unidos não procuram conflitos no Médio Oriente ou em qualquer outro lugar do mundo", afirmou Biden, deixando, no entanto, um aviso: "Mas saibam isto: se atingirem os Estados Unidos, vamos responder”.

Os ataques aconteceram pelas 21:00 (hora de Lisboa), com os Estados Unidos a atingirem 85 alvos na Síria e no Iraque, confirmou o Comando Central dos EUA. Entre os alvos atingidos estão centros de controlo e comando de milícias pró-iranianas, nomeadamente locais de informações secretas, armazenamento de munições ou centros logísticos.

Vários aviões, incluindo bombardeiros, foram utilizados. Ao todo foram utilizadas mais de 125 munições de precisão, acrescenta o exército.

De acordo com os meios de comunicação sírios, citados pela agência Reuters, os ataques "em locais no deserto" na fronteira entre o Iraque e a Síria provocaram um número indeterminado de vítimas. O Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirma que pelo menos 18 combatentes apoiados pelo Irão foram mortos. 

Em conferência de imprensa, esta noite, o tenente-general Douglas A. Sims, chefe do Estado-Maior, explicou que os EUA tentaram evitar "baixas desnecessárias", mas admitiu: "Fizemos estes ataques esta noite sabendo que provavelmente haveria vítimas entre as pessoas que utilizam aquelas instalações". E John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, afirmou que ainda não sabe quantos militantes pró-iranianos terão sido mortos ou ficado feridos. Acreditamos que os ataques foram bem sucedidos", disse.

Duas fontes de segurança iraquianas adiantaram à agência France-Presse (AFP) que um dos alvos foi “um quartel-general das fações armadas na área de Al-Qaïm, perto da fronteira com a Síria com um armazém de armas ligeiras”. Um segundo ataque, na região de Al-Akachat, mais a sul e ainda perto da fronteira, teve como alvo um centro de comando das operações de Hachd al-Chaabi, uma coligação de antigos paramilitares que reúne estas fações pró-Irão, frisou uma das fontes.

A Casa Branca afirma que pelo menos três instalações militares foram atingidas no Iraque e quatro na Síria, garantindo ainda que os EUA informaram previamente o Iraque de que iriam atacar três locais de militantes pró-iranianos naquele país. No entanto, esse aviso não evitou uma reação do Iraque: "Estes ataques aéreos constituem uma violação da soberania iraquiana, minam os esforços do governo iraquiano e representam uma ameaça que poderá levar o Iraque e a região a consequências terríveis", disse o porta-voz militar iraquiano, Yahya Rasool, em comunicado citado pela Reuters.

Tal como Biden, também o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, afirmou que os EUA não querem provocar uma guerra na região. Responsáveis do exército americano garantiram à CNN Internacional que os EUA não têm intenção de bombardear o Irão.

Os ataques norte-americanos surgem como resposta ao ataque, ocorrido no passado domingo, contra uma base militar norte-americana na Jordânia que matou três soldados. E ocorreram poucas horas depois de o presidente dos EUA, Joe Biden, ter assistido à chegada dos restos mortais e se ter reunido com familiares dos três soldados mortos na Jordânia, na base militar de Dover, no Delaware.

As respostas "começaram esta noite, não vão acabar esta noite", afirmou John Kirby. "Iremos tomar medidas adicionais, todas destinadas a pôr fim a estes ataques e a retirar a capacidade do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica." 

​De acordo com a CNN Internacional, este será provavelmente o início de uma série de ataques em larga escala dos EUA contra milícias apoiadas pelo Irão que realizaram ataques contra tropas dos EUA no Médio Oriente. A NBC News avança que a retaliação dos Estados Unidos poderá consistir numa  "campanha" que inclui ataques e operações cibernéticas que poderão prolongar-se durante várias semanas.

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