Um dos soldados ucranianos que cedeu à chantagem russa foi apanhado e agora arrisca prisão perpétua
O Serviço de Segurança da Rússia está a adotar uma nova estratégia para conseguir infiltrar-se nos mais altos comandos de defesa da Ucrânia: ‘roubar’ soldados ucranianos a Kiev. Para tal, como revela uma investigação do Washington Post, os russos estão a chantagear, a ameaçar e até a extorquir estes militares ucranianos.
Vídeos, documentos e trocas de mensagens de texto fornecidos ao Washington Post por funcionários do Serviço de Segurança da Ucrânia (SBU) revelaram que há casos em que a estratégia russa envolve mesmo o rapto de familiares dos soldados ucranianos, tornando-os reféns até que o ‘escolhido’ acabe por ceder e passe a lutar contra o próprio país.
O departamento de contra-espionagem do SBU está consciente desta manobra de guerra da Rússia, mas mantém mão firme para todos os que se assumem como traidores e há um exemplo bem recente disso: um soldado ucraniano que, sob ordens russas, tentou envenenar o comando militar ucraniano em Zaporizhzhia. Foi descoberto e agora é acusado de traição, podendo mesmo ser condenado a prisão perpétua.
“O autor do crime é um militar ativo do exército ucraniano. Para cometer o crime, planeou adicionar uma substância tóxica à água do complexo de banho e à lavandaria utilizados pelos comandantes [ucranianos]”, lê-se num comunicado divulgado no mês passado, que revela ainda que este soldado russo tinha uma outra tarefa: “recolher informações sobre a localização e movimentação” das tropas ucranianas na linha da frente do combate.
Para os russos, qualquer soldado ucraniano é uma mais-valia, até mesmo aquele que não tem acesso a informações privilegiadas ou qualquer experiência em espionagem - o que importa para Moscovo é tirar força às tropas de Kiev e obter qualquer tipo de detalhe sobre estratégias no terreno, movimentos e armamento dos ucranianos na linha da frente do combate.
“As instruções dos manipuladores russos incluíram relatórios sobre o movimento de equipamento militar ou a confirmação de que um míssil atingiu o seu alvo”, lê-se no Washington Post.
