Cláusula de exceção no contrato assinado entre TAP e Christine Ourmières-Widener mencionava explicitamente o nome das duas empresas (ZeroAvia e na MetOffice) nas quais a antiga CEO exercia funções
A TAP acusa Christine Ourmières-Widener de ter acumulado funções em duas empresas – a ZeroAvia e a MetOffice — sem o “consentimento” da companhia e dos acionistas, argumentando que as desempenhou “em clara violação do regime de exclusividade que se lhe exigia e aplicava”, como o ECO noticiou após ter acesso à contestação que entregou no tribunal face ao pedido de indemnização milionária da ex-CEO por causa da polémica saída da empresa.
No entanto, segundo escrevem esta sexta-feira o Jornal de Negócios e o semanário Nascer do Sol, essa informação era do conhecimento do Governo e da transportadora, pois constava do contrato assinado pelas partes quando Christine Ourmières-Widener ingressou nos quadros da TAP, em 2021. Uma cláusula de exceção menciona explicitamente o nome das duas empresas.
“A CEO garante que na altura da sua nomeação não ocupava cargos em comissões executivas ou consultoras, à exceção da ZerAvia e da Met Office, garantido que, no futuro, o trabalho de consultoria não represente um potencial conflito de interesses com as responsabilidades de CEO”, lê-se no contrato, que, no entanto, é omisso no que toca à consultora de viagens e aviação O&W, para a qual trabalhava como administradora enquanto era CEO da companhia aérea portuguesa.
Por outro lado, a TAP suspeita de crimes como “tráfico de influência, de oferta indevida de vantagem ou mesmo de corrupção” quando o marido da ex-CEO, Floyd Murray Widener, tentou vender à transportadora os serviços da empresa israelita para a qual trabalhava, a Zamna Technologies, como diretor comercial em regime de part time. Os pilotos garantem ter alertado o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, mas Hugo Mendes desmente ao ECO ter tido conhecimento.
O PSD já veio acusar Pedro Nuno Santos de gerir a TAP com “enorme ligeireza” e com uma “CEO ilegal”, com o vice-presidente social-democrata, Miguel Pinto Luz, a salientar que este caso espelha ainda a “informalidade” que diz ser “uma marca inseparável” do novo líder socialista, que “o PS tenta pintar como um fazedor, mas invariavelmente as suas ações acabam em recuos, em faturas pesadas ou, como aqui, em processos judiciais”.