Atualmente demissionária, a secretária de Estado do Tesouro ficou menos tempo no cargo do que o ex-secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro
Alexandra Reis quase não marcou presença no Governo. A agora demissionária secretária de Estado do Tesouro ocupou o lugar durante 26 dias, menos de metade do tempo do que, por exemplo, Miguel Alves, o ex-secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro. Esteve também menos dias em funções do que o segundo Governo de Pedro Passos Coelho, em 2015, que durou 27 dias.
Empossada dia 2 de dezembro de 2022, Alexandra Reis será exonerada do cargo nas próximas horas pelo Presidente da República, depois de o ministro das Finanças, Fernando Medina, ter pedido a sua demissão. A governante demissionária esteve tão pouco tempo no cargo que nem sequer foi publicado o despacho de delegação de competências em Diário da República.
Este despacho determinaria, por exemplo, quais seriam as empresas públicas que estariam sob alçada da antiga administradora da TAP. A secretaria de Estado do Tesouro voltou a existir por conta da nomeação de Alexandra Reis. Antes disso, esta pasta estava integrada na área das Finanças, nas mãos de João Nuno Mendes.
Alexandra Reis durou menos de metade dos dias que Miguel Alves, o secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro que teve uma passagem meteórica pelo Governo. O ex-presidente da câmara de Caminha foi empossado a 16 de setembro de 2022 pelo Presidente da República, no dia em que também foi renovada a equipa do ministério da Saúde, depois da demissão de Marta Temido e da saída dos respetivos secretários de Estado. Aliás, a reintrodução deste cargo na hierarquia do Governo terá sido a desculpa para se proceder às necessárias remodelações que já estavam identificadas nos vários ministérios.
Miguel Alves acabaria por apresentar a demissão em 10 de novembro, depois de ter sido acusado, pelo Ministério Público, do crime de prevaricação no âmbito da Operação Teia, embora estivesse sob polémica por causa do centro de exposições transfronteiriço em Caminho. Seria exonerado a 10 de novembro de 2022, 56 dias após a tomada de posse. Foi substituído em 2 de dezembro por António Mendonça Mendes, no mesmo dia em que Alexandra Reis tomou posse.
A ex-secretária de Estado do Tesouro esteve envolvida nos últimos dias numa polémica relacionada com a TAP, após o Correio da Manhã ter noticiado no sábado que esta recebeu uma indemnização no valor de 500 mil euros por sair antecipadamente do cargo de administradora executiva da companhia aérea.
Antes de Alexandra Reis e de Miguel Alves, estas foram as outras saídas do Governo:
- João Neves e Rita Marques – o secretário de Estado da Economia e a secretária do Estado do Turismo, Comércio e Serviços foram demitidos pelo ministro da Economia, António Costa Silva, a 29 de novembro;
- Marta Temido, António Lacerda Sales e Maria de Fátima Fonseca – a ministra da Saúde apresentou a demissão a 30 de agosto; dias depois, foi a vez da saída dos respetivos secretários de Estado;
- Sara Abrantes Guerreiro – a ex-secretária de Estado da Igualdade e das Migrações demitiu-se a 2 de maio por motivos de Saúde.
Nota ainda para o caso Sérgio Figueiredo. O ex-jornalista foi nomeado, no início de agosto, como consultor para avaliação das políticas públicas do ministro das Finanças, Fernando Medina. No entanto, a polémica gerada porque Sérgio Figueiredo, enquanto diretor da TVI, tinha convidado Fernando Medina para comentador, levou o ex-jornalista a renunciar ao contrato em 17 de agosto.