Já foram detidos mais incendiários nos primeiros sete meses de 2022 que em todo o ano passado

4 ago 2022, 18:00
Fogos em Portugal (AP Photo/Armando Franca)

Números cedidos pela Guarda Nacional Republicana (GNR) mostram que este ano, até ao início de agosto, já foram detidas por suspeita de incêndio florestal 66 pessoas. No ano passado, em todo o ano, GNR não ultrapassou as 52 detenções

Só até 2 de agosto de 2022, já foram detidas pela GNR (Guarda Nacional Republicana) 66 pessoas por suspeita de terem ateado incêndios, um número que é superior ao total de anos anteriores: em 2021, foram detidas 52 pessoas, o mesmo número que em 2020. Já em 2019, foram detidas 58 pessoas por suspeita de provocarem um incêndio florestal. 

De acordo com dados da GNR, a que a CNN Portugal teve acesso, em 2022, o maior número de detenções registou-se nos distritos de Vila Real (11), Viseu (11) e Guarda (7). No ano anterior, Vila Real e Bragança foram os distritos com maior número de detenções - oito em cada um. Em 2020, o distrito de Viseu e Leiria destacaram-se, respetivamente com 13 e 11 detenções. Em 2019, os distritos com maior número de detenções foram Guarda (11) e Leiria (11).

Quanto ao género dos detidos, em 2022 já foram detidos 59 homens e sete mulheres, confirmando-se a tendência dos últimos anos, que mostra que os incendiários são maioritariamente do sexo masculino: em 2021, foram detidas seis mulheres e 46 homens; em 2020, a GNR colocou sob detenção sete mulheres e 45 homens. Quanto a 2019, foram detidas apenas duas mulheres e 56 homens.

No que diz respeito às idades dos detidos, em 2022 foram detidos 12 homens e duas mulheres na faixa etária entre os 41 e os 50 anos, e 14 homens e uma mulher entre os 51 e os 60 anos. Na faixa etária dos 61 aos 80 anos foram detidos 20 homens e três mulheres. Dois homens detidos tinham mais de 81 anos. A faixa etária com maior número de detenções é a dos 51 aos 60 anos, com 15 detenções no total. Entre os 16 e os 30 anos, a GNR efetuou quatro detenções. 

Em 2021, o maior número de detenções registou-se na faixa etária entre os 71 e os 80 anos (14 suspeitos). No ano anterior, a faixa etária com mais detenções foi a dos 51 aos 60 anos, com 12 detenções. Em 2019, foi na faixa etária entre os 61 e os 70 que se registou o maior número de detenções, 17 no total.
 

Número de detidos por distrito

Distrito

2019

2020

2021

2022*

Aveiro

3

1

7

4

Beja

1

0

0

0

Braga

4

4

2

6

Bragança

5

1

8

2

Castelo Branco

3

2

1

3

Coimbra

0

0

2

0

Évora

0

0

1

1

Faro

0

0

0

1

Guarda

11

2

5

7

Leiria

11

11

4

4

Lisboa

2

0

0

1

Portalegre

5

2

0

0

Porto

6

8

7

6

Santarém

1

7

2

4

Setúbal

1

1

1

3

Viana do Castelo

0

0

1

2

Vila Real

0

0

8

11

Viseu

5

13

3

11

TOTAL

58

52

52

66

*até 2 de agosto de 2022

Sobre a classificação da detenção, ou seja, se o incêndio ateado pelo suspeito se deve a negligência ou dolo, até ao início de agosto de 2022 tinham sido detidos pela GNR por negligência 47 incendiários e outros 19 por dolo. No ano anterior, as detenções por negligência (38) também foram em maior número do que as que foram feitas por serem dolosas (14), tendência que também se verifica em 2020 (40 detenções por negligência e 12 dolosas) e em 2019, ano em que as detenções por dolo são apenas sete e as negligentes foram 51.

Classificação da Detenção

(negligência ou dolo)

 

2019

2020

2021

2022*

Negligentes

51

40

38

47

Dolosos

7

12

14

19

TOTAIS

58

52

52

66

* Até 2 de agosto

Os dados da GNR mostram, assim, que os incêndios são, na sua maioria, ateados por atos negligentes, conforme tem sido defendido pelo Governo. O tema já tinha sido alvo de uma análise da CNN Portugal, também com recurso a estatística da GNR, e que mostrou que, até ao passado mês de julho, mais de 80% das detenções referiam-se a ocorrências de incêndio fruto de negligência.

Nove detenções durante a situação de contingência e alerta

No período entre 11 e 21 de julho, em que o Governo decidiu declarar situação de contingência e situação de alerta devido ao elevado risco de incêndio, quando Portugal esteve sujeito a uma onda de calor, a Guarda Nacional Republicana deteve nove homens pelo crime de incêndio florestal.

Os nove detidos são todos do sexo masculino e quatro, com idades entre os 46 e os 55 anos, foram presos no distrito de Braga. Os restantes foram detidos nos distritos de Vila Real (um suspeito de 64 anos), de Évora (homem de 54 anos), do Porto (suspeito com 50 anos), Setúbal (homem de 45 anos) e Viana do Castelo (um homem de 44 anos).

No ano passado, em igual período, a GNR não fez qualquer detenção por incêndio florestal. Recorde-se, porém, que o país passou em julho de 2022 por um período excecional de calor que obrigou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera a emitir aviso vermelho para grande parte do território continental, situação que não se verificou no ano passado em igual período. As autoridades assinalam ainda que em 2021, bem como em 2020, havia ainda imposições em resultado da pandemia de covid-19 que poderão ter determinado uma redução no número de crimes e, consequentemente, de detenções.

Detidos por Incêndio Florestal

Distrito

Idade dos Detidos

Vila Real

64

Évora

54

Porto

50

Setúbal

45

Viana do Castelo

44

Braga

46; 49; 49; 55

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