Rui Figueiredo: a história do miúdo que podia estar ao lado de Hugo Viana

10 jul 2002, 22:34

Foi colega do craque no Gil Vicente mas rejeitou o Sporting Rui Figueiredo está no Gil Vicente, foi colega de Hugo Viana e até há quem diga que era melhor.

Se pudesse viajar no tempo não hesitava. Hoje, Rui Figueiredo podia estar no Sporting. Quem sabe no plantel principal. Quem sabe no Newcastle, ao lado de Hugo Viana. Todas estas possibilidades podiam ser reais. É verdade. Mas não são. Está no Gil Vicente, onde começou a dar os primeiros pontapés ao lado do seu ex-colega. É uma história curiosa, que ficará para sempre marcada na memória deste jovem de 19 anos, amigo inseparável do mais recente prodígio do futebol português.

Teve o pássaro na mão, mas não o agarrou. Em Barcelos, há quem diga que Rui Figueiredo era melhor do que Hugo Viana. Tinha mais técnica e outro sentido colectivo do jogo. «Bem, ele é médio, eu sou avançado. São posições diferentes...», explica ao Maisfutebol, evitando o eixo de comparação entre os dois. Juntos deram nas vistas num torneio da Associação de Futebol de Braga e foram assediados por um olheiro do Sporting. Viajaram para Lisboa com um mundo de sonhos projectados no horizonte. Queriam singrar. Eram iniciados.

Já pertenciam aos quadros do Gil Vicente e eram duas estrelinhas pequeninas a reluzir no céu. Tinham jeito: «Mas não ficámos, porque os dois clubes não chegaram a acordo». De novo em Barcelos, não baixaram os braços e atiraram-se de corpo e alma à sua causa futebolística. Na época a seguir, houve luz verde, viagem à Alvalade, mas Rui Figueiredo recuou. Aquela aventura não era para ele e resolveu ficar no seu próprio cantinho, longe da balbúrdia de uma cidade da dimensão de Lisboa.

Hoje sente alguma mágoa. «Quando fomos pela primeira vez, fiquei com má impressão daquilo. Era muito pequeno, estava longe de casa. Não fui», explicou. As saudades eram muitas e tinha de ficar perto de casa. «Os motivos familiares foram muito fortes, é certo. Mas, na altura, as pessoas no Gil Vicente tinham-me prometido um lugar na equipa sénior. Aqui estou», confessa por entre um olhar cabisbaixo e algo melancólico depois da apresentação dos gilistas para a nova época. «Se pudesse viajar no tempo, teria ido para o Sporting, ainda para mais se soubesse que teria chegado aonde o Hugo chegou. Não posso estar arrependido, porque fiz o que achei melhor naquele momento», explicou.

«O Hugo não vai perder a cabeça»

De Hugo Viana, Rui Figueiredo só tem a dizer bem: «Nem podia dizer o contrário». Foi o seu companheiro de luta durante anos a fio. «É uma pessoa espectacular. É um amigo de infância que nunca se iludiu com nada. Sei que não vai perder a cabeça por estar aonde está», reconheceu. Precisamente, no poderoso Newcastle de Inglaterra. «A sua ascensão nunca me surpreendeu. Sei que vai entrar na primeira equipa», afirma sem rodeios, porque conhece-o muito bem, sei daquilo que é capaz.

Das recordações de meninos, há uma que não lhe sai da memória. O seu amigo sempre se entregou muito dentro do campo. Era um batalhador nato, capaz de tudo e mais alguma coisa para vencer. «Uma vez, foi expulso e ficou suspenso três jogos. Quando regressou, disse-lhe para ter calma mas ele acabou por ser novamente expulso. É um episódio giro...», confessou, dando a entender que o seu colega tinha as emoções à flor da pele.

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