Carvalhal surpreso: «Até no site da UEFA falam do Leixões»

22 fev 2002, 17:30

Treinador feliz com o impacto da vitória em Braga Não precisou beliscar-se ao acordar, mas mostrou surpresa com o impacto da vitória em Braga.

Meia noite, sensivelmente. Sem o som de um apito e entre o ruído de vozes roucas e buzinas exageradamente espremidas, a segunda parte da euforia, que rompera em Braga, chegava ao fim. Então, já em Matosinhos. Mas o prolongamento fora antecipadamente marcado. Era de um jogo de faca e garfo que se tratava, com um rodízio por adversário. Outras vez imparável, o Leixões não deu tréguas antes das três da madrugada.

De regresso a casa, a fadiga venceu facilmente o estado de exaltação. Carlos Carvalhal, o treinador, não se lembra de ter sonhado, mas o corpo podia dizer-lhe que dormira pouco. Despertou às 7h15, para levar os filhos à escola, sem precisar beliscar-se para distinguir realidade e fantasia. Mas só mais tarde, ao pequeno-almoço, enquanto folheava jornais e navegava na «net», teve noção do impacto mediático que conseguira. «Hoje tomei realmente consciência de que fizemos algo de muito grande», contou.

Não podia dizer-se desagradado. O Leixões estava por todo lado. Nos desportivos, nos generalistas, na rádio, na televisão... «Até no site da UEFA e no Calciomercato falavam em nós». Percorreu, orgulhoso, as ruas de Braga, onde mora e de onde é natural, tomando a direcção da Complexo da Rodovia. Esperava-o o «footing» diário, que ninguém interrompeu. Atrasou-se e não chegou a encontrar os parceiros habituais de exercício. Nada de grave. Levava com ele os headphones e a companhia da Antena 3. «É o que ouço sempre».

«O mesmo», apesar de bronzeado

Depois do banho e da barba, voltou ao carro e seguiu para o Porto. Deixava Braga por umas horas e sem sombra de sentimento de culpa pela maldade que fizera, na noite da véspera, ao clube que representou. «O que fiz não foi mais do que executar aquilo que me ensinaram lá. Foi no Braga, ainda nas camadas jovens, que me aconselharam a respeitar sempre a instituição que representar», explicou. «Fazê-lo não custou nada».

Da SIC para a TVI, da TVI para a NTV. Carvalhal não recusou uma entrevista, concedendo, pelo meio, uns minutos ao Maisfutebol. Entre câmaras e luzes, que adiaram o almoço até à hora do lanche, certificar-se-ia de que nada mudara desde a véspera. A proeza não chegara para dispensar a esposa do emprego, que na noite de quarta-feira fora ao futebol pela segunda vez. «Continuo a ser o mesmo», dizia-o abertamente, dispensando-se da jura. Só a maquilhagem, que levou dos estúdios da SIC para os da TVI e daí para a NTV, lhe davam um ar ligeiramente diferente, subitamente bronzeado. Não estivera no solário, podia jurar.

Já se comprometeu com a SportTV, para segunda-feira, e sábado voltará à TVI, para participar no programa «Contra-Ataque». Antes, algumas horas mais tarde, acomodar-se-ia no sofá da sala, para «espiar» o Sporting, que jogava em Guimarães. Por considerar a missão demasiado precoce, fá-lo-ia mais por prazer do que por obrigação. «É muito cedo», argumentou. «Neste momento, o Sporting não é preocupação nossa».

Os relatórios e apontamentos que merecem a apreensão e o estudo do treinador vice-líder da II Divisão B versam sobre o Freamunde, adversário de terça-feira, e a Carvalhal não custa reduzir as probabilidades de êxito no Jamor à menor expressão. «As hipóteses são pouquíssimas», reconheceu, sem que a constatação o incomodasse seriamente, porque é a II Liga que persegue e porque o efeito das sensações de Braga não se desfaz com tão pouco.

Outros textos relacionados:

Patrocinados