Varzim-Braga, 0-1 (crónica)

19 jul 2001, 23:55

Sejam bem-vindos Apresentação do Varzim no retorno à I Liga. O adversário escolhido foi o quarto classificado da época anterior.

Começou tarde, pouco antes das 22 horas, quando a brisa marítima levantava hesitações entre ir e ficar. Ficavam os corajosos, esfregando as mãos, esquecendo o frio por hora e meia. A manga curta e a calça de linho não podiam ser tidas como razão para dispensar a apresenção oficial no regresso à I Liga. Os indecisos convenciam-se assim que a festa principiava. Dava para entreter. Surgiam os craques, um a um, com direito a aplauso personalizado. Agora sim o calor, artificial, produzido pela vontade de testemunhar uma época de sucesso. 

O Varzim volta à I Liga e assume que quer ficar. Sem rodeios. Os reforços parecem bons, pelos menos teoricamente, a base da última época mantém-se quase inalterada, Rogério Gonçalves não vai rever a filosofia. É para jogar e ponto final. De preferência bem, para tentar encantar e chamar a atenção de quem acompanha semanalmente a divisão principal. Será um dos casos a acompanhar com atenção. Os poveiros não se livram, pelo menos, à curiosidade. 

A noite era de apresentação e o jogo era amigável. Os olhares dirigiam-se para um único sentido, a entrada do túnel de acesso aos balneários, de onde foram saíndo os artistas, e quase ninguém reparava nos retoques que o estádio sofreu. Agora, todas as bancadas têm cadeiras, numa exigência de quem organiza os campeonatos que tornou o recinto mais agradável. Só a relva permanece igualzinha, recheada de areia e a aguardar as primeiras chuvas para se tornar imprópria para consumo.  

Escolheu-se um adversário importante, quarto classificado da época anterior, um visitante capaz de exigir uma primeira aparição de qualidade. Até às substuições intermináveis, ou seja, até ao intervalo, assistiu-se a uma partida interessante, com um par de oportunidades para cada lado e uns quantos movimentos a destapar muito trabalho específico e horas seguidas de mecanização de movimentos colectivos. Brilharam os guarda-redes, curiosamente ex-colegas no F.C. Porto, cada um com uma defesa impressionante, confirmou Edmilson a posse de algumas das artimanhas mais encantadoras do futebol português. Chegou a jogar-se bem, numa fase em que se pode exigir tudo aos futebolistas, excepto níveis mínimos de qualidade. 

O Braga pode ter perdido argumentos fundamentais, Fehér e Luís Filipe já não se detectam numa estrutura imutável, mas continua a desenvolver um jogo positivo, obrigatoriamente requintado e exigente para quem o tenta contrariar. A segunda parte, convém não esquecer, foi avançando irremediavelmente para o bocejo e até o novo equipamento varzinista, de um tom azul muito bonito, serviu de conversa à falta de melhores argumentos. Mas isso ficou a dever-se exclusivamente às diversas experiências que os treinadores promoveram. O ritmo, de resto, nem foi mau e o nulo acabou por manter os espectadores com a respiração em suspenso sempre que se perspectiva um preparativo de ataque. O único golo, curiosamente, surgiria de bola parada num tiro de Zé Roberto que Litos podia ter defendido. 

Ficha de jogo 

Estádio do Varzim Sport Clube, na Póvoa de Varzim

Árbitro: Luciano Silva (Porto)

Auxiliares: Vítor Carvalho e José Cernadas  

Varzim: Hilário; Margarido, Alexandre, Sérgio Carvalho e Mariano; Vítor Manuel, Gilmar e Paulo Piedade; Toni Vidigal, Prokopenko e Marco Freitas

Jogaram ainda: Miguel, Rodolfo, Medeiros, Fumo, Ramos, Paulo Filipe, Roland, Moisés, Litos, Milhazes e Zé Pedro

Treinador: Rogério Gonçalves 

Braga: Rui Correia; Armando, Ricardo Rocha, Odair e David Aires; Barroso «cap.» e Tiago; Bakero, Edmilson e Riva; Miran

Jogaram ainda: Quim, Abiodum, Asprilla, Zé Roberto, Castanheira, Zé Nuno, Sam Son, Puma, Hélder Sousa e Idalécio

Treinador: Manuel Cajuda 

Ao intervalo: 0-0

Marcador: 0-1, Zé Roberto (90m)

Mais Lidas

Patrocinados